Italianos vigiam rios, recolhem amostras e limpam plásticos

Italianos vigiam rios, recolhem amostras e limpam plásticos
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Um grupo de cidadãos de Sambuca, em Itália, visita regularmente dezenas de sítíos nos rios para verificar os níveis de poluição e recolher amostras.

Já imaginou quanto plástico vai parar aos rios e quais são as consequências desse lixo para a saúde e para o ambiente? Cientistas e cidadãos europeus unem esforços para obter respostas.

Um grupo de cidadãos de Sambuca, em Itália, visita regularmente dezenas de sítíos nos rios para verificar os níveis de poluição e recolher amostras.

A iniciativa cidadã fornece dados preciosos à ciência e favorece a tomada de consciência face aos problemas ambientais.

"Fazemos três tipos de observação. Em dois casos utilizamos reagentes químicos que medem o nitrato e o fosfato. E, em terceiro lugar, há uma análise visual para saber se as águas estão turvas", contou Marco Giunti, um cidadão italiano envolvido no projeto europeu Poseidomm.

Os voluntários recolhem regularmente o lixo de plástico. Os microplásticos são uma das grandes fontes de poluição dos rios e mares. As amostras recolhidas permitem também detetar outros poluentes associados aos resíduos urbanos e industriais.

"Tomamos nota do local onde encontramos o lixo de plástico. Tomamos nota no papel e em suporte digital através de uma aplicação para telemóvel", explicou o cidadão italiano Andrea Vanni.

Os dados recolhidos pelos "cidadãos cientistas" de Sambuca e arredores são estudados no âmbito de um projeto de investigação europeu.

No laboratório, os investigadores analisam as amostras de água para verificar se contêm microplásticos. O filtro de papel é molhado com a água da amostra e aquecido até aos 900 graus. À medida que o filtro aquece os diferentes compostos volatilizam-se.

Cada composto tem uma temperatura de volatilização específica, o que permite identificá-lo. Por outro lado, as variações de peso da amostra permitem calcular o tipo e a quantidade de microplásticos.

"Queremos identificá-los por ordem para podermos encontrar e desenvolver métodos para reduzir esses poluentes que são uma grave ameaça para a fauna, para a flora e para todo o ecossistema", explicou Gemma Leone, investigadora e professora de Química no departamento de Biotecnologia da Universidade de Siena.

Para perceber melhor o efeito dos microplásticos, os cientistas recorrem a um ecossistema experimental onde é possível simular a vida microbiológica.

"Dentro das provetas, colocamos micropartículas de poliestireno para observar os efeitos da interação entre as micropartículas com a matéria orgânica. Verificamos o que acontece quando as expomos à luz. Tentamos simular, da forma mais realista possível, a superfície dos oceanos que está exposta às radiações solares", explicou Luisa Galgani, investigadora da Universidade de Siena e uma das principais cientistas do projeto europeu Poseidomm.

As mudanças moleculares são medidas através da ressonância magnética. O objetivo é perceber os vários impactos dos microplásticos nos processos químicos e biológicos marinhos.

"Ainda há muito por saber em relação ao impacto dos microplásticos. Nesta fase inicial, estamos a quantificar o que vai parar ao rio. Ainda não sabemos para onde vai uma parte do lixo e que efeito tem na fauna. Compreendemos certos aspetos, mas, ainda não compreendemos todo o sistema biológico e químico dos nossos corpos aquáticos", concluiu Steven Loiselle, coordenador do projeto europeu Poseidomm.

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