Trump e Brexit são dois dos fatores que reduzem as perspetivas de crescimento mundial segundo os peritos reunidos em Davos
"O contexto político vai influenciar as eleições europeias o que vai ser decisivo para o futuro da Europa"
Comissário Europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros
Enquanto as elites da política e finanças mundiais se reúnem nos Alpes suíços no Fórum Económico Mundial, os ideais associados ao multilateralismo estão a ser questionados e as perspetivas económicas aparentam ser pouco risonhas.
O sistema político britânico atravessa uma fase caótica enquanto o país negoceia o divórcio da União Europeia.
Sob a liderança do presidente Trump, os Estados Unidos impõem sanções comerciais a aliados e inimigos e o governo está parcialmente paralisado devido à questão da imigração o que forçou Trump e uma delegação norte-americana de alto nível a cancelarem a viagem a Davos.
Um ano após ter recebido uma enorme ovação das elites em Davos, o presidente francês Emmanuel Macron enfrenta problemas a nível interno com o movimento dos coletes amarelos que reivindicam salários mais elevados e pensões mais justas. Os movimentos nacionalistas vão ganhando espaço na Europa.
As perspetivas económicas são igualmente preocupantes. Os peritos preveem fraco crescimento este ano, aumento das taxas de juro e tensões comerciais.
"O crescimento na Alemanha vai ser menor do que o esperado; isto relaciona-se com problemas estatísticos no ano passado, falta de chuva e água, o setor automobilístico tem problemas e isto por sua vez relaciona-se com o Brexit, os Estados Unidos, a China e as relações comerciais na Europa", afirma Peter Altmaier, ministro federal para os assuntos económicos e energia.
A Comissão Europeia, pela voz do Comissário Europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros, afirma que o crescimento na Europa é robusto reconhecendo contudo que existem riscos que não são apenas externos.
"Alguns vêm da própria Europa, e, claro, a situação no Reino Unido com o Brexit e eu diria ainda que o contexto político vai influenciar as eleições europeias o que vai ser absolutamente decisivo para o futuro da Europa, provavelmente serão as eleições mais importantes, e também as mais arriscadas, pois se forem feitas certas escolhas, serão as mais perigosas que já tivemos", defende Pierre Moscovici.
Os sinais de incerteza acumulam-se. O sistema político britânico, em tempos sinónimo de estabilidade, atravessa um período conturbado; entretanto, do outro lado do Atlântico, o braço-de-ferro entre o presidente Trump e a China não faz vislumbrar quaisquer melhorias. As consequências das alterações à ordem mundial são tudo menos previsíveis.