O fotógrafo que documentou a história dos Emirados Árabes Unidos

É conhecido como o “fotógrafo real não oficial”. Ramesh Shukla chegou aos Emirados Árabes Unidos em 1965, com 55 rupias, o equivalente a 50 cêntimos no bolso, e a máquina fotográfica. Veio de barco da Índia com pouco mais do que um sonho para tornar realidade. A mulher e o filho Neel vieram com ele. Dedicou a vida a registar os momentos mais importantes da história recente do país. Agora, com 83 anos, é um dos fotógrafos favoritos e amigo da família real.
A Euronews falou com Ramesh Shukla no Museu Etihad, onde estão expostas algumas das suas obras mais importantes e em Dubai Creek, onde viveu nos primeiros anos.
Euronews (Jane Witherspoon) - Lembra-se de ter tirado esta fotografia em Dubai Creek?
Ramesh Shukla - Sim
**Euronews - **Sim, como se fosse ontem?
**Ramesh Shukla - **Sim, ontem! Hoje está completamente diferente . Nessa manhã viemos até aqui. Não havia nada nesta zona. Este é o meu filho a fotografar comigo junto ao rio. Estes são os barcos antigos, a vida antiga
Euronews - O antigo Dubai
(...)
Neel Shukla (filho) - Foi aqui que eu cresci. O riacho era a minha vida. No início da manhã, o meu pai acordava e eu era o seu ajudante e explorávamos esta área.
Euronews - O trabalho de Ramesh pode ser visto por todo Dubai. Nas paredes das estações de Metro e nas galerias do Museu Etihad. As suas fotografias mais conhecidas são as da assinatura do tratado para a formação dos Emirados Árabes Unidos.
**Ramesh Shukla ** - O Sheikh Zayed estava na mesa para a assinatura a apenas meio metro de mim, apenas meio metro. Vi o Sheikh Zayed assinar e agarrei na minha máquina. Depois, foram todos os sheiks e tirei fotografias. Tirei fotografias e as minhas mãos...
Euronews - Tremiam ?
Ramesh Shukla - Tremiam! Depois o Sheikh Zayed olhou para mim. Depois dos discursos, ele olhou para mim e sorriu!
**Euronews - **A mulher de Ramesh, Taru, era técnica de laboratório e era quem revelava as fotografias no seu estúdio improvisado em casa.
Ramesh Shukla - Se visse a casa... Era uma sala polivalente que servia de quarto, cozinha e sala escura. Tínhamos dois conjuntos de pratos de louça e de metal. Chama-se 'thali' em indiano. Um thali era para os negativos e o outro era para comer, por isso sempre que comíamos tínhamos de cheirar o thali. Se cheirasse a produtos químicos, então não era o prato para comer.
Euronews - Ramesh nunca vendeu as suas fotografias sobre a história dos Emirados Árabes Unidos. Sempre quis proteger o legado e a nação. E continua a proteger. E continua a a recusar colocar a tampa na máquina fotográfica.