Khiva: uma viagem ao tempo da Rota da Seda

Khiva: uma viagem ao tempo da Rota da Seda
De  Euronews
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
PUBLICIDADE

Estamos no coração de Khiva, o epicentro da Rota da Seda. Atrás desta muralha perde-se, facilmente, o sentido de realidade. É o passado mágico que governa estes 25 hectares.

Khiva, no Usbequistão, tem mais de 2500 anos e é uma das mais antigas cidades da Grande Rota da Seda. Esta parte da cidade, por detrás da fortaleza, chama-se Ichan Kala, que significa a “cidade interior.’‘ Era aqui que os governantes e a aristocracia viviam e recebiam hóspedes de todo o mundo. Os palácios de Gangis Khan, mesquitas, mausoléus e minaretes estão classificados, agora, como património mundial da UNESCO.

A guia turística, Rumia Latipova considera que “Khiva é uma das cidades raras que manteve a originalidade. Podemos, ainda, ver as intenções dos arquitetos antigos. A cidade é um museu ao ar livre e, ao mesmo tempo, está viva. Vivem em Ichan Kala 3019 pessoas e cada uma delas carrega uma parte dos tempos distantes, quando a cidade estava a ser construída”, conclui.

Os habitantes acreditam que as águas dos poços da cidade trazem sorte e felicidade. Esta crença remonta ao tempo da descoberta deste oásis.

Segundo a lenda, um filho de Noé viajou certa vez, pelo deserto, e viu, em sonhos, uma fortaleza. Acordou e descobriu um poço com água saborosa. Por isso, decidiu construir, aqui, uma cidade.

A cidade das “1001 noites” desperta com sons do passado. Outra maneira de tocar a história é olhar, mais de perto, as obras-primas locais, em madeira talhada.

Este tipo de trabalhos pode ser visto, literalmente, em cada esquina da cidade… Cada um conta uma história…

Um coração numa porta simboliza a entrada de um harém, como explica Madamin Madaminov. Este artesão descende de uma dinastia de escultores e compara estas obras de madeira a livros.

Esta profissão é uma das mais prestigiantes de Khiva. Madaminov trabalha com o irmão e os sobrinhos começam, já, a aprender o ofício… Para o artesão esta arte compara-se à música e deve ser praticada desde muito cedo.

“A coisa mais difícil é fazer a imaginação trabalhar, imaginar o que realmente queremos ver nesta coluna, aquilo que queremos, a partir deste pedaço de madeira sem forma. A madeira deve começar a cantar. Devemos ouvir música nesta coluna”, afirma Madaminov.

Esta orquestra, bem afinada, de colunas encontra-se num dos locais mais interessantes de Khiva, a Mesquita Djuma. Estão aqui 212 colunas e todas únicas. A mais antiga foi esculpida no século X.

O artesão recorre a este local em busca de calma e inspiração. “Quando algo corre mal, venho aqui… Então os pedaços do meu mosaico encaixam-se todos, de uma só vez”, diz Madamin Madaminov.

A arte de fazer “plov” é outra das mais antigas e acarinhadas de Khiva. Os principais ingredientes deste prato tradicional usbeque são arroz, carne e legumes. O “plov” já existia no tempo das caravanas e permitia aos viajantes saciarem-se por um longo período de tempo.

Cada região do Usbequistão tem a sua própria receita de “plov”. Pequenas diferenças podem mudar, completamente, o sabor. Um dos melhores cozinheiros de Khiva, Nazarbek Kushnazarov, partilhou, com a euronews, o seu segredo: “O mais importante, quando se cozinha ‘plov’, é fazê-lo com amor no coração. É esse é o meu segredo para o êxito”, assegura.

O ‘plov’, no Usbequistão, assume um lugar de destaque na mesa por altura dos nascimentos, casamentos e aniversários. Os usbeques não concebem a vida sem “plov”, como confirma este habitante de Khiva: “O ‘plov’, para nós, é como uma obra de arte. Tudo depende do talento do artista. É uma das coisas mais importantes para o povo usbeque”.

A Rota da Seda está, ainda, muito ligada às cidades que visitámos no âmbito dos programas “Uzbekistan Life”. Os habitantes de Samarcanda, Bukhara e Khiva acreditam que as tradições que herdaram e que remontam ao tempo das caravanas vão perdurar no tempo…

A viagem da nossa ‘caravana televisiva’ está a chegar ao fim. A propósito, se estivéssemos no tempo da Rota da Seda, a viagem de Samarcanda a Bukhara e depois a Khiva, levaria mais de um mês.

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Procura desportos de inverno cheios de adrenalina? Conheça esta estância no Grande Cáucaso

Edifícios históricos do Japão estão a revitalizar zonas rurais

Uma visita pelas comunidades japonesas que vivem em harmonia com a natureza