Luanda teve de agravar a dívida pública nacional recorrendo ao crédito para colmatar a quebra das receitas da exportação petrolífera.
O petróleo entrou em 2017 a subir para o valor mais alto desde julho de 2015. A escalada do Brent em Londres passou a fasquia dos 58 dólares e, em Nova Iorque, o barril de crude abriu o ano a valorizar mais de dois por cento, chegando a fasquia dos 55 dólares.
A dívida pública angolana
A dívida pública colocada semanalmente pelo Banco Nacional de Angola, em Bilhetes do Tesouro e Obrigações do Tesouro, aumentou quase 9% no fecho de 2016 e ultrapassa os 455,7 milhões de euros, matendo-se a taxa de juro acima dos 24%.
Angola vive desde meados de 2014 uma crise financeira, económica e cambial decorrente da quebra das receitas da exportação de petróleo, recorrendo à emissão de dívida para garantir o funcionamento do Estado e a concretização de vários projetos públicos. Só em 2015 o serviço da dívida pública angolana ascendeu a 18 mil milhões de dólares (17,2 mil milhões de euros).
A descida do valor do petróleo foi promovida, sobretudo, pelos Estados Unidos, há cerca de ano e meio, a reboque das políticas de pressão sobre a Rússia devido à alegada interferência de Moscovo no conflito da Ucrânia.
A atual subida está diretamente relacionada ao corte de produção acordado em setembro pela OPEP, a organização de 13 países produtores de petróleo à qual pertence Angola. Os cortes de produção já terão começado a ser aplicados por dois dos membros do grupo: Kuweit e Omã.
A Rússia é atualmente o maior produtor de petróleo do mundo e, no mês passado, aceitou aliar-se à OPEP no corte da produção para promover a revalorização do “ouro negro” e permitir aos países dependentes da exportação desta matéria-prima aliviar o sufoco económico em que caíram nos últimos dois anos.