PM de Malta: Brexit será um "acordo inferior" e é preciso "reforçar fronteiras"

PM de Malta: Brexit será um "acordo inferior" e é preciso "reforçar fronteiras"
De  Isabel Marques da Silva
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button

Na véspera da cimeira informal da União Europeia, em Malta, o primeiro-ministro do país, que tem a presidência rotativa, deu uma entrevista ao enviado da euronews, James Franey. Joseph Muscat explicou

PUBLICIDADE

James Franey/euronews (JF/euronews): Joseph Muscat, primeiro-ministro de Malta, vivem-se tempos interessante para estar à frente da União Europeia, face a tudo o que passa no mundo, neste momento. Foi citado como tendo dito que há uma pequena probabilidade do Brexit não acontecer. No entanto, o projeto de lei sobre o Brexit foi aprovado no parlamento britânico. Pensa que o Brexit vai acontecer ou não?

Joseph Muscat/primeiro-ministro de Malta (JM/primeiro-ministro de Malta): Talvez todos aqueles que desejam o melhor para o Reino Unido, e que se consideram amigos do país, gostariam que o Reino Unido continuasse a fazer parte da União Europeia e continuam a ter esperança de que o Brexit não aconteça. Mas a realidade demonstra claramente o contrário e o processo está a desenrolar-se.

JF/euronews: Portanto, no passado o melhor cenário possível era a permanência do Reino Unido na União Europeia. Do seu ponto de vista, qual pode ser o pior cenário possível? Poderão vir a ser implementadas tarifas aduaneiras entre o Reino Unido e a União Europeia com 27 países?

JM/primeiro-ministro de Malta: Uma vez que a primeira-ministra britânica disse que, eventualmente, poderia não aceitar nenhum acordo, isso significa que se aplicariam as regras da Organização Mundial do Comércio. Compreendo que Theresa May se posicione desse modo no início das negociações, mas espero que tal não vá acontecer. De facto, não seria do interesse de ninguém. Considero que já estamos numa situação em que ambas as partes vão perder, mas precisamos de conseguir o melhor resultado possível. Do meu ponto de vista, deverá ser um acordo justo, mas inferior ao atual.

JF/euronews: Falemos da questão da migração, um grande problema em destaque na cimeira. De acordo com o rascunho do documento de declarações finais, a União Europeia vai considerar a deportação de pessoas para a Líbia. Por que é que a União Europ faria tal coisa?

JM/primeiro-ministro de Malta: Penso que esse tipo de interpretação não é o correto. O que eu penso que está a ser discutido é como ajudar o governo líbio, e outros governos, a protegerem as suas próprias fronteiras, a fazerem a gestão das suas próprias fronteiras. O que quer que seja que façamos será no mesmo espírito em que fizemos o acordo com a Turquia, não irá contra os princípios do direito internacional.

JF/euronews: Portanto, não haverá deportações? Não está interessado em enviar as pessoas de volta para a Líbia?

JM/primeiro-ministro de Malta: Estou a dizer que a União Europeia e os países europeus não vão violar as regras internacionais. Trata-se de ajudar, se assim o solicitar, o governo líbio, que se encontra muito fragilizado, a proteger e a gerir melhor as suas próprias fronteiras.

JF/euronews: Perdoe-me se pareço um pouco cínico, mas os líderes europeus já disseram isso muitas vezes. O que é que o faz pensar que dar muito dinheiro ao governo da Líbia permitirá resolver o que é, essencialmente, um problema nosso?

JM/primeiro-ministro de Malta: Há uma questão sobre o controle da migração económica. Não podemos, simplesmente, viver num mundo onde as pessoas podem… quer dizer, as pessoas têm de esperar para poderem entrar na Europa. Agora parece que se pode pedir um visto de entrada, mas se ele for recusado, então atravessa-se o mar e é-se admitido. É disfuncional. Penso que precisamos de salientar a necessidade de outros países gerirem as suas fronteiras, bem como nós de gerirmos as nossas, criando um sistema onde os requerentes de asilo, os refugiados, os que fogem da guerra e da perseguição não necessitam de atravessar o deserto e arriscar a sua vida no mar, mas antes que são transportados por via aérea para países europeus onde começam uma nova vida.

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Sondagem: Apoio dos cidadãos europeus à Ucrânia continua elevado

Destino da UE está entrelaçado com o da Ucrânia, diz candidata liberal Valérie Hayer

Países da UE fecham acordo crucial sobre cereais ucranianos, aumentando a possibilidade de aplicação de direitos aduaneiros