Morreu Jean Rochefort, uma das mais reconhecidas vozes e figuras da sétima arte francesa
Jean Rochefort, uma das mais populares figuras do cinema francês, morreu na noite de domingo para segunda-feira, em Paris. Era a encarnação do cavalheiro francês, um ator eclético, pudico e apaixonado.
Umas das grandes vozes da sétima arte francesa pelo seu timbre único, grave e penetrante, sempre usou de ironia e da liberdade na palavra. Dizia com graça fazer parte do património francês, comparando-se aos apreciados presuntos regionais do país.
Jean Rochefort… Énorme chagrin et souvenir éternel de la + belle moustache du cinéma français [photo L’Artiste et son modèle de F. Trueba] pic.twitter.com/2BPAeulYEz
— La Cinémathèque (@cinemathequefr) 9 octobre 2017
Deixa mais de 150 filmes, teve o prazer de lhe ver reconhecido o talento por três vezes, com o cobiçado prémio César (“Que la fête commence” em 1976, “Le Crabe-Tambour” em 1978, e um César honorário em 1999).
De uma versatilidade abrangente, fez de cínico libertino (“Que la fête commence” de Bertrand Tavernier), fleumático assistente inglês (“Les tribulations d’un chinois en Chine” de Philippe de Broca), farmacêutico cobarde (“Courage, fuyons” de Yves Robert), pai de família e adúltero (“Un Eléphant ça trompe énormément” de Yves Robert), de marido cansado (“Le mari de la coiffeuse” de Leconte) ou comandante da Marinha (“Le Crabe-Tambour” de Pierre Schoendoerffer).
À sa manière de scander une simple phrase, on comprenait que la diction de Jean était la + belle du monde. Ex.à Blier: “mon p’tit Ber-nard”!
— gilles jacob (@jajacobbi) October 9, 2017
Em 1987, em “Tandem”, de Patrice Leconte, onde interpreta de maneira comovente um animador de rádio solitário, mostra que que supera todas as expetativas enquanto ator dramático, face a um público habituado a associá-lo à comédia.
Em 2015, com 85 anos, em “Floride” de Philippe Le Guay, interpreta um antigo industrial com tendência para a confusão mental. Anunciava então querer parar, sem deixar registo de filmes em que o público não reconhecesse talento.
Da morte, disse que a sentia vir e que só não queria que a dele magoasse os outros.
Fica a obra feita para suavizar a perda.