O fim de um resgate que não acaba com os días difíceis

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De  Antonio Oliveira E Silva com AFP
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Com uma dívida que equivale a 180% do PIB, os gregos devem continuar com reformas estruturais.

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À meia-noite deste domingo, a Grécia concluiu oficialmente o terceiro dos programas de resgate financeiro a que esteve sobmetida nos últimos oito anos, sendo o quinto país a fazê-lo, depois de Portugal, Espanha, Irlanda e Chipre.

Os três programas de assistência financeira permitiram à Grécia receber cerca de 289 mil milhões de euros em empréstimos, aplicando um conjunto de reformas que levaram à perda de um quarto do Produto Interno Bruto em oito anos. O crescimento voltou apenas no ano passado.

O emprego continua a ser um dos mais elevados da zona euro, com a Comissão Europeia e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico a apontarem para uma taxa superior a 20%. Um número superior ao registado em países como Irlanda (5,1%) Portugal (6,7%) ou Chipre (8,2%), mas bastante mais positivo do que a taxa relativa a 2013, nos 27,5%.

Klaus Regling, diretor-geral do Mecanismo Europeu de Estabilidade, disse, em entrevista ao alemão Der Spiegel, que seria "arrogante pensar que tudo foi bem feito" e que tinha "o mais profundo respeito pelos gregos," que viram os salários e as reformas "amputadas" até um terço durante a crise.

Em janeiro de 2015, o primeiro-ministro Alexis Tsipras, do Syriza (esquerda) e o então ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, tentaram abandonar o segundo programa.

Mas, depois de um claro "Não" da parte dos gregos ao pagamento da dívida aos credores internacionais, Tsipras foi obrigado a assinar um terceiro de ajuda em julho do mesmo ano, para evitar que a Grécia fosse expulsa da moeda única.

Em 2016 e 2017, a Grécia registou excedentes orçamentais na ordem dos 4%, bem acima do exigido pelos credores.

Mas Atenas não está livre e o Executivo prevê novos pacotes de reformas para 2019 e 2020.

A questão da dívida

Uma questão fica por resolver: o facto da dívida, que continua a 180% do PIB. O Fundo Monetário internacional não acredita que seja sustentável e decidiu permanecer à margem do terceiro plano de resgate.

Às dúvidas do FMI o Governo grego responde com a necessidade de receber fundos anuais que, graças à reestruturação da dívida, permanecem em menos de 15% do PIB a médio prazo e a 20% - percentagem considerada pela Europa como linha vermelha - no período posterior.

Ainda assim, Atenas não está para triunfalismos, sobretudo depois dos incêndios na região de Átrica, que deixaram 96 mortos, num episódio que foi percebido pela cidadania como de péssima gestão governamental. Para os gregos, o plano de resgate acabou, mas os tempos difíceis vão continuar.

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