Paquistanesas pedalam por igualdade

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No Paquistão, o acesso à educação é negado a uma grande parte das raparigas. Contra o preconceito local, um grupo de jovens começou a andar de bicicleta e a formar-se em áreas técnicas.

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Em Lyari, no Paquistão, nem sempre as mudanças são bem-vindas. Naquele que é um dos bairros mais pobres da cidade de Karachi, dominado por bandos de droga, um grupo de raparigas decidiu começar a pedalar rumo a um futuro mais inclusivo para as mulheres.

Shams Un Nissa tem 15 anos e decidiu, com outras jovens, ser ciclista. Mas o início não foi fácil.

"Quando começámos a aprender a andar de bicicleta, tivemos muitos problemas, ouvimos comentários feios, até nos chegaram a atirar pedras, mas gradualmente tornámo-nos mais confiantes e seguimos em frente, Agora já nos veem como ciclistas e tornou-se normal", conta.

De acordo com o relatório de 2018 da Humans Rights Watch, numa população que ascende os 200 milhões de pessoas, estima-se que 80 milhões esteja em idade escolar. No entanto, mais de um quarto dessas crianças, sobretudo as raparigas, não vai à escola. Uma realidade que, aos poucos, vai sendo desafiada.

Acesso à educação

A Organização Não-Governamental (ONG) Lyari Girls Café criou vários cursos dirigidos ao universo feminino local, além do ciclismo, dá formação noutras áreas, como estética, ou costura. Daqui, conta a organizadora, já saíram mais de duas mil alunas formadas e várias histórias de sucesso, de mulheres que estão a aplicar os conhecimentos no mercado de trabalho.

Shahzia Khan está à frente da ONG e revela que entre as duas mil alunas, formadas em áreas como costura, ou estética, há já casos de aplicação dos conhecimentos ao mercado de trabalho. "Temos várias histórias de sucesso, como, por exemplo, as das alunas que aprenderam a aplicar hena e estão a trabalhar em casa", afirma.

No entanto, as alterações ao papel da mulher na sociedade continuam a não ser bem vistas por muitos e muitas, que não conseguem perceber a necessidade de mudança.

Meharun Nissa Ahmed conta com várias décadas de vida e é uma das habitantes de Lyari que tem sérias dúvidas sobre a revolução lenta que decorre perante os seus olhos, sem capacidade para travar.

"Não sei o que é que elas estão a fazer, não podemos interferir. Elas estão a fazer coisas que não deviam, mas eu não posso dizer nada", lamenta.

Marcha pelos direitos da Mulher

A 8 de março, a capital Islamabad vai acolher a maior marcha do dia da mulher no país. A manifestação esteve quase para não acontecer, depois de uma petição ter tentado travar o encontro. Mas o tribunal acabou por dar luz verde ao evento, desde que os organizadores garantam que os participantes respeitem "a decência e os valores morais".

E é com moderação prometida que as mulheres vão para a rua, este domingo, protagonizar um golpe nos costumes para derrubar preconceitos.

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