OIM alerta para aumento das mortes na rota da África Ocidental

Rescue operation at the Mediterranean sea, about 13 miles north of Sabratha, Libya, 2016
Rescue operation at the Mediterranean sea, about 13 miles north of Sabratha, Libya, 2016 Direitos de autor Emilio Morenatti/Copyright 2016 The Associated Press. All rights reserved.
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De  Isabel Marques da Silva
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As Ilhas Canárias, em Espanha, tornaram-se um novo foco de chegada de refugiados e migrantes a União Europeia. Entre agosto e novembro, chegaram quase 14 mil pessoas, cerca de dez vezes mais em comparação com o mesmo período de 2019.

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Mais de 500 pessoas perderam a vida, este ano, na travessia do mar em direção a Europa através da chamada rota da África Ocidental.

Segundo o diretor da Organização Internacional para as Migrações (OIM), Antonio Vitorino, este é um exemplo de como é urgente chegar a um acordo sobre o novo Pacto da Uniao Europeia para a Migração e o Asilo, debatido, quinta-feira, numa conferência de alto nível, no Parlamento Europeu.

"Seremos confrontados com maiores pressões por causa da pandemia. A região do Sahel está a explodir. Essa explosão pode ter um impacto em toda a África Ocidental. Vejam o que já está a a acontecer no oceano Atlântico, com milhares de pessoas que tentam chegar às Ilhas Canárias, usando uma das rotas mais perigosas do mundo. Eles estão a morrer nessa travessia", disse Antonio Vitorino.

"Portanto, é absolutamente necessário dar prioridade a uma resposta da União Europeia em termos de busca e salvamento, em termos de salvar vidas, em termos de previsibilidade de desembarque", acrescentou o diretor da OIM.

Novo foco nas Ilhas Canárias

As Ilhas Canárias, em Espanha, tornaram-se um novo foco de chegada de refugiados e migrantes a União Europeia. Entre agosto e novembro, chegaram quase 14 mil pessoas, cerca de dez vezes mais em comparação com o mesmo período de 2019.

Outubro foi um mês trágico para quem escolheu essa rota da África Ocidental, tendo morrido ou desaparecido 222 pessoas, quase metade do total deste ano.

Aqueles que não são elegíveis para asilo, nem precisam de proteção internacional, têm que voltar para casa porque esta é a única maneira de quebrar, efetivamente, o ciclo vicioso dos implacáveis contrabandistas de pessoas"
Ursula von der Leyen
Presidente da Comissao Europeia

A Comissão Europeia apresentará, na próxima semana, um Plano de Ação para a Integração e Inclusão de migrantes e refugiados e sublinha que a União Europeia necessita de um bom equilíbrio entre integração e repatriamento.

"As pessoas que vêm legalmente para a Europa precisam de ter direitos claros e precisam se sentir bem acolhidas. Aqueles que não são elegíveis para asilo, nem precisam de proteção internacional, têm que voltar para casa porque esta é a única maneira de quebrar, efetivamente, o ciclo vicioso dos implacáveis contrabandistas de pessoas", afirmou Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, outra das oradoras.

Perigosa associação de terrorismo a migração

Desde a recente onda de ataques terroristas em França e na Áustria, alguns líderes europeus pedem mais controle de fronteiras e regras mais rígidas sobre a integração de migrantes, mas pode ser uma receita inadequada.

"A grande maioria dos ataques terroristas cometidos na Europa durante a última década foram cometidos por cidadãos da União Europeia, não por migrantes. Essa associação de conceitos tem pouca sustentabilidade. Já existe muita legislação centrada na proteção das fronteiras da União Europeia, tanto a nível interno como externo", explicou Olivia Sundberg Diez, analista de política de migração no Centro de Política Europeia, em entrevista a euronews. 

"A questão mais importante é a da implementação, isto e, até que ponto os Estados membros estão realmente a aplicar as medidas em vigor. Atualmente, vemos lacunas significativas na implementação da atual legislação em termos de reconhecimento de decisões de asilo, que variam amplamente entre os Estados-membros", acrescentou Olivia Sundberg Diez.

O tema que tanto divide a União Europeia terá lugar de destaque na cimeira com a União Africana, que se deverá realizar em dezembro.

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