Acordo UE-China de investimento causa dúvidas no PE

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De  Christopher Pritchard
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Os analistas consideram que EUA e UE terão ainda muito para fazer juntos face à tradicional resistência chinesa em passar do papel para a prática nos compromissos fixados em tratados internacionais.

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Depois de sete anos de negociações devido à recusa da China em fazer reais concessões para abrir as portas em pé de igualdade, a União Europeia anunciou que concluiu um acordo de investimento a 30 de dezembro passado.

A decisão súbita surpreendeu os analistas e levou a críticas nos EUA já que a futura administração democrata esperava fazer concertação transatlântica nesta área.

O Parlamento Europeu, que terá de o aprovar, também tem dúvidas sobre terem sido acautelados os interesses e valores comunitários.

"O acordo de investimento UE-China certamente não parece ser muito útil quando analisado do ponto de vista da cooperação transatlântica. A equipa de Joe Biden sinalizou muito claramente que esperava ter consultas antes de ser fechado, mas os europeus fizeram orelhas moucas", explicou Reinhard Bütikofer, eurodeputado salemas dos verdes.

Mas como o acordo ainda não foi formalmente aprovado, a administração norte-americana poderá não ter levado assim tão a mal, considera Jonas Parello-Plesner, analista político e diretor da Fundação Aliança de Democracias.

"Penso que o governo de Joe Biden gostaria de propor um novo tipo de relação diplomática, regressando à política de valorização dos aliados. Isso inclui, obviamente, parcerias com países democráticos, em particular com os parceiros na Europa. Penso que ambas as partes estão realmente desejosas de trabalhar juntas, nomeadamente para enfrentar o lado autoritário do poder global chinês", referiu.

China diz uma coisa e faz outra?

Os analistas consideram que EUA e UE terão ainda muito para fazer juntos face à tradicional resistência chinesa em passar do papel para a prática nos compromissos fixados em tratados internacionais.

A minha esperança é que a chegada do governo de Joe Biden permita aumentar muito a coordenação para que no futuro se façam acordos a partir de uma posição de força, com os EUA e a Europa juntos.
Jonas Parello-Plesner
Analista, Fundação Aliança das Democracias

"A grande questão é: pode confiar-se na China no momento? Assistimos à intimidação em Hong Kong, apesar de existir o tratado com o Reino Unido para deixar o sistema politico de Hong Kong intacto até 2047. Vemos a China a intimidar a Austrália, embora tenham um acordo comercial, também baseado no respeito por determinados valores. A minha esperança é que a chegada do governo de Joe Biden permita aumentar muito a coordenação para que no futuro se façam acordos a partir de uma posição de força, com os EUA e a Europa juntos", acrescentou Jonas Parello-Plesner.

Além de luz verde dos eurodeputados, o texto fechado pela Comissão Europeia terá de ser aprovado pelo líderes dos 27 governos. Só depois se verá, na prática, se a China cumpre as promessas de permitir maior investimento de empresas europeias, de diminuir os subsídios estatais que dá às suas empresas e de respeitar a propriedade intelectual.

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