Produtores questionam reforma da Política Agrícola Comum

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Medidas não geram consenso e não animam alguns agricultores

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A reforma da Política Agrícola Comum (PAC) está em curso. Uma das medidas-chave do novo projeto passa pela implementação dos chamados pagamentos ecológicos, denominados "eco-regime."

Trata-se de prémios para os produtores mais empenhados em operações "eco-friendly."

Na Bélgica, os agricultores visados fizeram contas e os resultados não parecem ser animadores.

"Para mim, está a avançar muito rápido, demasiado rápido e não estou preparada para isso. Eles explicam-nos as coisas, mas precisamos de medidas. Precisamos de colocar tudo no devido lugar e há muitas mudanças, com orçamentos que estão a ser significativamente reduzidos. No caso da nossa quinta perdemos 10 mil euros de um ano para o outro. E temos compensação com os eco-regimes, mas a compensação nunca cobrirá a perda de 10 mil euros porque teremos rendimentos mais baixos e ninguém vai nos pagar pelos rendimentos", lamentou, em entrevista à Euronews, Dominique Lebrun, agricultora.

Para conseguirem os prémios, os agricultores podem valorizar os terrenos para que os solos capturem carbono, reduzir o uso de produtos fitossanitários ou promover a rotação de culturas para a biodiversidade.

À frente de uma quinta familiar na Valónia, Dominique Lebrun produz beterraba e batatas. Tem cerca de quarenta cabeças de gado e três galinheiros móveis. Mas não está satisfeita porque considera que se esquece o essencial: alimentar as pessoas.

"Não vai alimentar todos. É preciso alimentar o mundo, e a soberania alimentar também é essencial porque também vivemos o problema da Covid-19. Mas e se houvesse fome, o que aconteceria? Quando começámos o confinamento vinham todos aqui buscar os meus ovos. Costumávamos fazer fila aqui às 10:00. As pessoas tinham medo de não ter comida. Agora já se esqueceu isso. Se tivéssemos isso em mente, talvez pensássemos que temos que produzir e alimentar pessoas", acrescentou Lebrun.

Os "eco-regimes" representam 25% da ajuda direta aos produtores a partir de 2023. Para a Federação de Agricultura da Valónia o esquema é louvável, mas abrupto.

"O que é problemático na forma como foi conceptualizado é este modo de tornar algo obrigatório, dizendo: é voluntário e vamos envolver os agricultores. Mais uma vez, eles estão envolvidos de forma muito abrupta. Damos uma parte: 25%. Não sei quem concordaria atualmente em dizer: estou a gastar um quarto do meu salário a fazer algo de bom para o meio ambiente, sinceramente não sei que cidadão concordaria em fazer isso", referiu Isabelle Jaumotte, presidente da Federação de Agricultura da Valónia.

A Federação da Valónia destaca que o setor reduziu as emissões de gases com efeito de estufa em 20% nos últimos 30 anos. Por agora, os produtores estão a fazer cálculos para ajustar as novas medidas ambientais ao orçamento.

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