Setor tecnológico também contribui para as emissões de gases com efeito de estufa. Um dano que se tem agravado com a emergência do teletrabalho
Quando se discute o clima, os pequenos gestos do dia-a-dia fazem toda a diferença.
Participar numa videoconferência, ver vídeos no smartphone ou simplesmente trocar fotografias num tablet contribuem, e muito, para as emissões de C02. Aceder a um website também tem um custo significativo.
Em causa estão não só a energia necessária para alimentar dispositivos e redes sem fios, como também a energia consumida pelos data centers e servidores necessários para dar suporte à Internet e armazenar conteúdo, por exemplo.
"Aceder a um website emitirá gases com efeito de estufa. Ao aceder a um website de um meio de comunicação social, por exemplo, basta clicar na homepage para consumir uma grande quantidade de dados. Em média, corresponde a cerca de 20 a 30 metros de distância percorrida num veículo, só para que a homepage possa aparecer. Ainda nem sequer viu um vídeo ou leu um artigo e [o utilizador] já está a emitir gases com efeito de estufa. Basicamente, muito pouco. Mas quando se multiplica pelo número de pessoas que podem visitar um website - cem milhões de pessoas por mês para os grandes sites de notícias franceses, por exemplo - , encontramos números na ordem dos 80 mil quilómetros por dia só para a homepage", sublinha Olivier Vergeynst, diretor do Instituto belga para Tecnologias da Informação Sustentáveis.
Vergeynst acrescenta que 80% dos dados transferidos por banda larga são usados para vídeo. Quanto maior a qualidade da imagem, mais C02 se emite. Os restantes 20% correspondem, no conjunto, a websites e emails.
Com o crescimento do teletrabalho, muitas ferramentas digitais desenvolveram-se, com possíveis ações sustentáveis.
"Os aparelhos do teletrabalho consomem energia. Por exemplo, durante as videoconferências, há muitos dados que são transmitidos. Em relação à quantidade de dados ligada a uma videoconferência, basta fechar as câmaras dos dois lados para serem transmitidos apenas 7% da quantidade de dados. O impacto carbónico será de apenas 38%, comparativamente a uma videoconferência idêntica com a câmara [dos interlocutores] ligada", ressalva Olivier Vergeynst.
Neste momento, o setor tecnológico representa 2% das emissões mundiais de gases com efeito de estufa.
Em 2040, esse número poderá subir para 14%, se as indústrias continuarem a progredir sem enquadramento.
Para a União Europeia é essencial regulamentar de forma sustentável o progresso.
Estas tecnologias devem servir de alavanca para atingir a neutralidade carbónica em 2050.