Donald Trump terá dito à Alemanha para vender um dos seus sistemas de defesa aérea Patriot à Ucrânia. Mas poderá Berlim aumentar o seu apoio militar a Kiev numa altura em que a Rússia intensifica os ataques aéreos?
"Vamos ter de enviar mais armas para a Ucrânia. Armas defensivas, eles têm de se defender", disse o presidente dos EUA, Donald Trump, esta segunda-feira sobre a defesa da Ucrânia.
Mas quando disse "nós", não se referia apenas aos Estados Unidos. Trump terá sugerido à Alemanha que vendesse uma das suas baterias Patriot à Ucrânia, de acordo com a imprensa. Alegadamente, os custos poderão ser divididos entre os EUA e a Europa.
A Ucrânia tem apelado aos aliados para que apoiem a defesa aérea do país, fornecendo sistemas Patriot "que salvam vidas" e mísseis intercetores.
"Contamos fortemente com os nossos parceiros para cumprir integralmente o que acordámos. A defesa aérea continua a ser a principal prioridade para a proteção de vidas", afirmou o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, na segunda-feira, após outro ataque russo com drones e mísseis.
Atraso nos fornecimentos dos EUA
No dia 2 de julho, o Pentágono anunciou que a assistência militar à Ucrânia tinha sido suspensa, uma vez que o Departamento de Defesa está a rever as entregas de ajuda externa, devido à alegada falta de reservas.
Dias depois, a 7 de julho, o Pentágono afirmou que iria renovar os fornecimentos, dizendo que as armas defensivas adicionais se destinavam a ajudar a Ucrânia a proteger-se enquanto os EUA trabalham para "uma paz duradoura".
De acordo com um porta-voz do governo alemão, a 4 de julho, o chanceler Friedrich Merz manteve um telefonema com Trump, pedindo ao presidente dos EUA que continuasse a fornecer armas à Ucrânia, nomeadamente mísseis intercetores Patriot.
Merz também discutiu a oferta do seu país para comprar sistemas de defesa aérea Patriot para a Ucrânia, disse o porta-voz, acrescentando que Berlim estava em "conversações intensivas" para comprar Patriots para a Ucrânia para ajudar a combater alguns dos ataques russos mais pesados desde que a invasão em grande escala de Moscovo começou em 2022.
"Existem várias maneiras de preencher esta lacuna nos Patriot", disse o porta-voz aos jornalistas, acrescentando que uma opção que está a ser considerada é comprar as baterias de mísseis Patriot nos Estados Unidos e depois enviá-las para Kiev.
Alemanha pode fornecer Patriots à Ucrânia?
Desde o início da guerra, a Alemanha já enviou para a Ucrânia três dos sistemas fabricados nos Estados Unidos a partir dos seus stocks militares, deixando Berlim com nove Patriots.
A Ucrânia tem atualmente seis sistemas Patriot operacionais. O ministro alemão da Defesa, Boris Pistorius, lançou uma iniciativa no âmbito da coligação Rammstein para obter mais sistemas e deverá deslocar-se a Washington no final deste mês para discutir as capacidades de produção e os calendários de entrega.
Kiev ofereceu-se repetidamente para comprar Patriots através de parceiros europeus, uma vez que as compras diretas aos EUA não são uma opção viável.
Estima-se que uma nova encomenda demore anos a ser concretizada e só seria concluída depois de o Pentágono ter concluído as suas próprias encomendas, uma vez que o Departamento de Defesa é um cliente prioritário.
A Ucrânia não tem esse tempo, uma vez que a Rússia intensificou os ataques aéreos contra o país a partir de abril.
Num ataque recente, mais de 500 drones e mísseis foram lançados numa única noite, expondo lacunas críticas nas defesas aéreas da Ucrânia, apesar das elevadas taxas de interceção.
Pistorius lançou a ideia de comprar sistemas Patriot que poderiam ser libertados para contornar os longos prazos de entrega industrial e garantir que chegam rapidamente à Ucrânia.
O Patriot é um dos poucos sistemas de defesa aérea do mundo capazes de abater de forma fiável mísseis balísticos que se aproximam.
Segundo o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos de Londres, cerca de 180 destes sistemas estão a ser utilizados em todo o mundo.
Cerca de um terço pertence aos Estados Unidos, que instalaram muitos deles na Europa, na Ásia e no Médio Oriente. A Europa possui cerca de 40 sistemas Patriot, incluindo os que foram instalados na Ucrânia.