O espaço aéreo da Polónia, membro da NATO, foi violado por drones de combate russos. Este é o incidente mais grave deste tipo desde o início da guerra na Ucrânia. Está em curso uma operação destinada a neutralizar os objetos hostis, na qual estão envolvidas as forças aéreas e o exército.
Os primeiros sinais de um ataque iminente surgiram nos canais ucranianos que monitorizam a segurança. De acordo com os seus dados, várias dezenas de drones do tipo Shahed voaram em direção a Kiev e foram ouvidas explosões nos arredores da capital ucraniana. Estima-se que cada um dos drones pudesse transportar uma carga de cerca de 100 kg.
Parte dos drones dirigiu-se para oeste. Pelo menos oito chegaram a Lviv, a apenas 80 quilómetros da fronteira polaca.
De acordo com informações não oficiais, cinco aeronaves cruzaram a fronteira polaca nas proximidades de Zamość.
O Comando Operacional das Forças Armadas da República da Polónia informou que foi iniciada uma operação de neutralização da ameaça sobre a Polónia.
«Atenção, durante o ataque de hoje da Federação Russa contra alvos no território da Ucrânia, o nosso espaço aéreo foi violado repetidamente por objetos do tipo drones. Está em curso uma operação com o objetivo de identificar e neutralizar esses objetos. Por ordem do Comandante Operacional das Forças Armadas, foram utilizadas armas e estão em curso operações destinadas a localizar os objetos abatidos», lê-se no comunicado.
Espaço aéreo fechado, apelo aos residentes
Devido ao risco, foi decidido fechar temporariamente o espaço aéreo sobre os aeroportos de Varsóvia, Rzeszów, Modlin e Lublin. Os aeroportos permanecem abertos, mas atualmente não há operações aéreas.
Os voos para o aeroporto Chopin estão a ser redirecionados para Cracóvia, Katowice e Radom.
Reação das autoridades e cooperação com a NATO
O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, afirmou que está em curso uma operação para responder às "múltiplas violações" do espaço aéreo polaco, quando as forças russas atacaram partes da Ucrânia ocidental que fazem fronteira com a Polónia, na madrugada de quarta-feira.
Tusk informou que recebeu um relatório do comandante operacional e disse que está em contacto permanente com o presidente e o ministro da Defesa Nacional e acrescentou que o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, foi informado sobre o assunto.
O presidente Karol Nawrocki publicou um comunicado após violações noturnas do espaço aéreo por drones e confirmou uma reunião com o governo no Gabinete de Segurança Nacional.
Por sua vez, o ministro da Defesa, Władysław Kosiniak-Kamysz, salientou que os drones que poderiam constituir uma ameaça foram abatidos.
«Estamos em contacto permanente com o comando da NATO. Todos os serviços permanecem em estado de alerta. As Forças de Defesa Territorial foram ativadas para a busca terrestre dos drones abatidos», acrescentou.
O vice-ministro da Defesa, Cezary Tomczyk, alertou para a desinformação. «Pedimos que apenas sejam divulgadas as comunicações do Exército Polaco e dos serviços estatais», apelou.
«Trata-se de um ato de guerra e estamos gratos aos nossos aliados da NATO pela rápida reação à agressão contínua e injustificada do criminoso de guerra Putin contra as nações livres. Exorto o presidente Trump a impor sanções que levem à falência a máquina de guerra russa e equipem a Ucrânia com armas capazes de atacar a Rússia», escreveu o congressista americano Joe Wilson no seu perfil no X.
Situação sob observação
O Comando Operacional das Forças Armadas garantiu que todos os sistemas de defesa aérea e radar disponíveis estão a funcionar em modo de máxima prontidão.
«Os nossos espaços aéreos estão a ser operados por aeronaves polacas e aliadas, e os sistemas terrestres de defesa aérea e reconhecimento por radar atingiram o estado de máxima prontidão», sublinhou o comunicado.
As forças armadas apelam para que as pessoas permaneçam em casa, especialmente nas províncias de Podlasie, Mazóvia e Lublin. As autoridades também alertam para que não se aproxime de eventuais destroços de aeronaves abatidas e pedem que sejam imediatamente comunicados à polícia.
Incidentes recentes
Nas últimas semanas, o espaço aéreo polaco foi violado várias vezes. No domingo, agentes da Guarda de Fronteira encontraram os destroços de um drone com identificação russa. O objeto caiu a cerca de 300 metros da fronteira com a Bielorrússia. Uma inspeção preliminar, realizada com o auxílio de um cão, excluiu a presença de materiais explosivos.
Por sua vez, no sábado, os destroços do drone foram encontrados na localidade de Majdan-Sielec, a cerca de 50 quilómetros da fronteira com a Ucrânia.
Anteriormente, no final de agosto, um drone kamikaze russo do tipo Shahed explodiu nas proximidades da localidade de Osiny, no distrito de Łuków. O ministro da Defesa, Władysław Kosiniak-Kamysz, avaliou na altura que se tratava de uma ação provocatória da parte da Rússia.
O caso mais trágico ocorreu em novembro de 2022 em Przewodów, onde duas pessoas morreram em consequência da explosão do míssil.
Operação em curso
A operação marca a primeira vez que a Polónia, membro da NATO, se envolveu diretamente com meios russos desde o início da invasão em grande escala de Moscovo, em fevereiro de 2022.
Ocorre numa altura em que grande parte da Ucrânia, incluindo partes da região ocidental que fazem fronteira com a Polónia, esteve sob alerta de ataques aéreos de mísseis e drones russos durante a noite de quarta-feira.
O primeiro-ministro Donald Tusk advertiu que a Polónia não ficará passiva perante tais acontecimentos.