Especialistas de arte dizem que um quadro descoberto há dois anos no sul de França pode ser da autoria de Michelangelo Merisi da Caravaggio. O quadro, intitulado “Judite e Holofernes” esteve no sótão de uma moradia familiar em Toulouse durante 150 anos.
A pintura foi submetida a testes durante dois anos numa empresa em Paris. Eric Turquin, especialista em arte antiga, defende que o quadro se trata de um Caravaggio genuíno. O valor estimado é de 120 milhões de euros.
“É verdade que a imagem deste quadro é surpreendente. Não se parece com outros Caravaggios. Mas sabemos que a composição é de Caravaggio. Sabemos que houve um quadro, nessa altura, sobre este tema, que foi visto por outros artistas. Um pintor tem registo próprio, certo? Um pintor é como qualquer outra pessoa, tem características pessoais. Este quadro reflete as de Caravaggio. Não possui todas as características, mas a maior parte. As suficientes para sabermos que tem a sua mão, que este é mais um registo do grande artista”, refere o especialista.
Alguns peritos consultados por Turquin atribuíram o quadro a outros artistas como Louis Finson, um pintor e negociante flamengo que conhecia o trabalho de Caravaggio e fez cópias dos seus trabalhos.
“Este quadro é criativo, cheio de sentimentos, cheio de mudanças, cheio de invenções. Não é uma reprodução porque quem reproduz arte não inventa. Um reprodutor de arte é fiel, é servil, é sóbrio. Este quadro é o oposto. Foi pintado com energia e para o perceber precisa de entrar no quadro, conhecê-lo e saber como foi tratado”, diz Turquin.
O quadro está agora a ser observado por peritos do Museu do Louvre, em Paris. Turquin refere que será difícil chegar a um consenso sobre a quem pertence a obra de arte.
As autoridades francesas concederam o estatuto de “tesouro nacional” à pintura, o que significa que durante 30 meses não pode ser exportada.
Caravaggio viveu entre 1571 e 1610 e é um dos artistas mais influentes da arte barroca.