Relações UE-China testadas com a pandemia e propaganda

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De  Isabel Marques da Silva
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A propaganda oficial chinesa sobre a ajuda médica a alguns Estados-membros da União Europeia é criticada por alguns políticos e analistas que acusam o país de pretender contrapartidas ao nível comercial. Mas há quem defende uma maior proximidade entre os dois blocos para enfentar a crise económica.

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A pandemia Covid-19 colocou as relações da União Europeia com a China em destaque, com alguns políticos e analistas a criticarem a propaganda oficial chinesa sobre "salvarem" alguns Estados-membros ao nível do envio de máscaras e testes.

Há quem diga que os chineses estão na mira de contrapartidas ao nível comercial, nomeadamente nos contratos de tecnlogia 5G para as telecomunicações, sendo este o tema em destaque no programa "Breves de Bruxelas".

A ajuda foi nos dois sentidos, recordou o comissário europeu para o Mercado Interno, Thierry Breton, numa sessão da comissão sobre este setor no Parlamento Europeu, quinta-feira, na qual participou por videoconferência.

"Recordemos que a China pediu a ajuda à Europa e nós respondemos com o envio de mais de 50 toneladas de equipamentos no valor de vários milhões de euros. A Europa tornou-se, depois, o epicentro da crise e a China está ajudar-nos. Mas a França e a Alemanha forneceram mais máscaras à Itália do que a China. A solidariedade europeia está muito presente", disse Breton.

Novo Acordo de Investimento UE-China

Há suspeitas de que o novo surto de coronavírus teve origem em mercados chineses que vendem animais selvagens.

Francisco Guerreiro, eurodeputado português no grupo Verdes, enviou uma carta à Comissão Europeia para questionar se haverá medidas nesta matéria no Acordo de Investimento UE-China, que deveria ser assinado este ano.

"Não podemos comprometermo-nos com um sistema comercial que põe em risco os chineses e todos os demais. Deveríamos mostrar uma posição dura nas negociações para condicionar este país, de maneira construtiva, a adotar medidas de controle sanitário que os protejam eles e a todos nós", disse o eurodeputado, em entrevista à euronews.

O Alto Representante da UE para a Política Externa e Segurança, Josep Borrell, fez algumas críticas à propaganda chinesa, mas adotou um tom mais conciliatório esta semana, num artigo de opinião.

"A União Europeia deve permanecer um fator unificador, promovendo esforços conjuntos com a China e os Estados Unidos para enfrentar a pandemia e suas consequências", escreveu o chefe da diplomacia comunitária.

Relançar a economia

Shada Islam, especialista em relações UE-Ásia, considera que a propaganda na ajuda humanitária é uma prática comum a todas as potências e que não deve prejudicar o comércio internacional, que será crucial para combater a iminente crise económica.

"Como é que vamos reconstruir economias devastadas, como levaremos as pessoas de volta ao trabalho, como é que vamos criar novos empregos para as pessoas recuperarem estabilidade? Isso exigirá, como muitos afirmam, que trabalhamos juntos para garantir que não haverá protecionismo, que será levado a cabo comércio livre e aberto e que haverá fluxos bilaterais de investimentos nas economias", afirmou Shada Islam, que é diretora de Geopolítica no centro de estudos Amigos da Europa, em Bruxelas.

As negociações para estreitar as relações entre a China e a Europa arrastam-se há sete anos porque a anterior Comissão Europeia classificava a China de "rival sistémico".

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