Rússia mata cinco pessoas em Lviv, provoca processo-crime e reação da UNESCO

Hanna Fedorenko ficou ferida por um dos mísseis russos que atingiram Lviv
Hanna Fedorenko ficou ferida por um dos mísseis russos que atingiram Lviv Direitos de autor AP Photo/Mykola Tys
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De  Francisco Marques
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Defesas antiaéreas da Ucrânia neutralizaram sete dos 10 mísseis disparados pela Rússia. A tragédia podia ter sido maior: pelo menos 10 abrigos estavam fechados

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Pelo menos cinco pessoas morreram e mais de 40 ficaram feridas num ataque aéreo russo que atingiu de madrugada um prédio em Lviv, na Ucrânia, a cerca de 70 quilómetros da Polónia.

A tragédia podia ter sido maior: pelo menos 10 abrigos antimíssil estavam fechados. As autoridades abriram um processo-crime e ordenaram daqui em diante a abertura sem limites de todos os abrigos na cidade, noticia a agência Interfax.

As defesas antiaéreas ucranianas terão neutralizado sete dos 10 mísseis disparados pela Rússia, a partir do Mar Negro, contra alvos em Lviv, por volta da uma da manhã desta quinta-feira, hora local (menos duas horas em Lisboa). 

Além do edifício residencial onde morreram as cinco pessoas, com idades entre os 21 e os 95 anos, mais de 30 outros prédios, um orfanato e duas universidades também ficaram danificados, revelaram as autoridades locais.

A UNESCO, por seu turno, condenou o bombardeamento de um "edifício histórico" em Lviv: "Este ataque, o primeiro numa área protegida pela Convenção do Património Mundial desde o início da guerra em 24 de fevereiro de 2022, é uma violação desta convenção."

A organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura acrescentou ainda que o ataque desta madrugada viola também "a Convenção de Haia de 1954 para a Proteção dos Bens Culturais em Caso de Conflito Armado", e expressou as condolências pelas cinco vítimas mortais em Lviv.

Pelo menos 64 pessoas tiveram de deixar as suas casas, informou o Ministério da Administração Interna da Ucrânia.

Alguns residentes do prédio mais atingido relataram uma experiência aterradora.

"Regressei e descobri que a minha mãe e os meus vizinhos tinham morrido. Parece que fui a única sobrevivente do quarto andar. É um milagre", dizia uma mulher aos jornalistas, pela manhã.

Uma outra, mais velha, disse que "se não fossem os socorristas", não tería saído do apartamento. "Os socorristas arrombaram a porta e deixaram-nos sair. Fiquei sem o apartamento... Não tenho palavras. Fiquei sem nada", lamentou.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, publicou imagens registadas por _drone d_os edifícios atingidos em Lviv vistos de cima. O terceiro e o quarto andares do edifício mais atingido ficaram destruídos.

Centenas de milhares de refugiados de guerra ucranianos procuraram segurança em Lviv, vindos de outras zonas a leste. É também a cidade onde as crianças expatriadas pela guerra regressam para se reencontrar por alguns dias com os pais que combatem a invasão russa na linha da frente.

Numa publicação nas redes sociais, Zelenskyy prometeu: "Haverá certamente uma resposta ao inimigo. Uma resposta forte".

"Este é o maior ataque a infraestruturas civis em Lviv desde o início da invasão em grande escala" da Ucrânia, descreveu o presidente da Câmara de Lviv, Andriï Sadovyi, no Telegram.

Lviv está a mais de 800 quilómetros da linha da frente da reconquista ucraniana. Mesmo assim, a cidade e a região circundante já foram alvo de diversos ataques desde a invasão russa, em 24 de fevereiro de 2022.

Na frente militar, Volodymyr Zelensky considerou que a lentidão na entrega de armas à Ucrânia atrasou a contraofensiva de Kiev, o que permitiu a Moscovo reforçar as suas defesas nas zonas ocupadas, nomeadamente com minas.

"Estou grato aos Estados Unidos (...) mas disse-lhes a eles e aos europeus que gostaríamos de começar a nossa contraofensiva mais cedo e que precisaríamos de todas as armas e equipamento para isso", expressou o líder ucraniano, numa mensagem que deve repetir de novo na próxima semana, na cimeira da NATO.

Outras fontes • AP, Interfax

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