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"Os EUA têm tradição de interferir noutros países, enviando tropas para o estrangeiro", Vladimir Chizhov, Embaixador a Rússia para a União Europeia

"Os EUA têm tradição de interferir noutros países, enviando tropas para o estrangeiro", Vladimir Chizhov, Embaixador a Rússia para a União Europeia
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A situação na região da Crimeia, na Ucrânia, com um grupo de homens armados a patrulharem dois aeroportos correu o mundo e levantou uma série de questões. O ministro do interior ucraniano lançou duras acusações à Rússia dizendo que ela está por detrás desta ação.

A Euronews ouviu o Embaixador da Rússia para a União Europeia sobre esta e outras questões relacionadas com a situação na Ucrânia.

A propósito da agudização da tensão na província ucraniana da Crimeira, de maioria russófona, a correspondente da euronews em Bruxelas, Fariba Mavaddat, entrevistou o embaixador da Rússia para a União Europeia, Vladimir Chizhov.

Fariba Mavaddat/euronews (FM/euronews): “O que é que está a acontecer nos dois aeroportos da Crimeia, onde alegadamente estão estacionadas tropas russas?”

Vladimir Chizhov/Embaixador da Rússia para a União Europeia (VC/Embaixador): “Não há quaisquer tropas, pelo menos russas. O aeroporto internacional de Sinferopol está a funcionar normalmente, o aeroporto militar de Belbek também está provavelmente a funcionar bem. Alguns civis que se dizem representantes de grupos de “auto-defesa” da Crimeia chegaram ao aeroporto de Sinferopol durante a noite, mas retiraram-se e não aconteceu nada.”

(FM/euronews): “Por que é que consideraram que era preciso defender o aeroporto?”

(VC/Embaixador): “Têm estado a acompanhar o que aconteceu em Kiev e noutros lugares. Têm ouvido rumores de que comboios carregados com manifestantes armados da Praça Maiden, em Kiev, se estão agora a dirigir para a Crimeia.”

(FM/euronews): “O ambiente tem-se tornado cada vez mais tenso e John Kerry, secretário de Estado dos Estados Unidos da América (EUA) pediu à Rússia para não intervir, não interferir, não ocupar…”

(VC/Embaixador): “Bom, os EUA têm tradição de interferir noutros países, enviando tropas para o estrangeiro. Talvez uma forma de agir que é reveladora da sua própria mentalidade.”

(FM/euronews): “A Rússia sente-se ameaçada?”

(VC/Embaixador): “Estamos naturalmente a acautelar os nossos interesses nacionais. Na Ucrânia existe um grande número de cidadãos russos. Há muitos investimentos russos na economia da Ucrânia e temos uma presença militar na Crimeia, onde se encontra a base da Frota do Mar Negro desde o século XVIII.”

(FM/euronews): “O que poderiam fazer se sentissem que os vossos interesses estão realmente ameaçados?”

(VC/Embaixador): “Não gostaria de especular, mas é claro que estamos a acompanhar de perto os acontecimentos.”

(FM/euronews): “O governo ucraniano disse que o envio de tropas para a Crimeia é, passo a citar, uma “invasão “ e “ocupação” pela Rússia.”

(VC/Embaixador): “Essas alegações são infundadas.”

(FM/euronews): “Como avalia a atual situação na Ucrânia?”

(VC/Embaixador): “A oposição que assinou a 21 de fevereiro um acordo com o Presidente Ianukovich – testemunhado por três ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) -, não cumpriu nenhuma das suas obrigações. Os grupos armados não se desarmaram, os edifícios administrativos não foram desocupados e tiveram lugar certos acontecimentos no Parlamento…”

(FM/euronews): “Trata-se do povo e do Parlamento, isso é a democracia.”

(VC/Embaixador): “Democracia significa eleições. Eleições que tiveram lugar na Ucrânia. Na verdade, aqueles que hoje caracterizam a situação atual como uma transição da ditadura para a democracia são as mesmas pessoas e os mesmos governos que reconheceram que as eleições presidenciais na Ucrânia, em 2010, foram livres, democráticas e justas. O Presidente Ianukovich foi reconhecido como um líder democraticamente eleito e a UE estava de facto a preparar-se para assinar um acordo de associação com ele e não com outra pessoa.”

(FM/euronews): “A mim parece-me apenas a transição de um governo para outro através do parlamento.”

(VC/Embaixador): “São de facto pessoas eleitas, mas um terço dos eleitos não participaram nas decisões. Não há representantes da parte oriental do país, ou da região sul, e apenas um número limitado de facções políticas estão representadas.”

(FM/euronews): “Qual deve ser o papel do Ocidente, da UE e dos EUA, nesta situação?”

(VC/Embaixador): “Tanto a UE como os EUA não resistiram à tentação de se aliarem a um dos lados.”

(FM/euronews): “Se o pior acontecer, estão preparados para levar a cabo uma ação militar contra a Ucrânia?”

(VC/Embaixador): “Não quero especular sobre o pior, espero o melhor. Sou um otimista nato.”

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