Milhões de pessoas nos quatro cantos do mundo quiseram dizer, bem alto, "não ao terrorismo" e homenagear as 17 vítimas mortais da pior vaga de atentados em França nas últimas décadas.
Milhões de pessoas nos quatro cantos do mundo quiseram dizer, bem alto, “não ao terrorismo” e homenagear as 17 vítimas mortais da pior vaga de atentados em França nas últimas décadas.
Foi a liberdade em marcha, com epicentro nas ruas de Paris, este domingo, transformada em “capital do mundo”, segundo François Hollande.
Na impossibilidade de coligir um número oficial de participantes, dada a mobilização “sem precedentes”, nas palavras das autoridades, as agências de notícias falam em perto de 4 milhões de pessoas nas ruas das várias cidades francesas.
A capital, Paris, foi transformada num oceano de gente unida em defesa da liberdade de expressão.
Os cerca de 3 km que separam a Praça da República da Praça da Nação foram percorridos por perto de 1,5 milhões de pessoas.
O luto reencarnou em celebração da liberdade. “Eu sou Charlie”, afirmaram muitos dos participantes, seja porque não querem ver eternizados “os conflitos entre as diferentes comunidades”, porque defendem a “liberdade de pensamento” ou porque “houve franceses que morreram” no país da “igualdade, liberdade e fraternidade”, o que “deixa a sangrar o coração de qualquer um”, seja “laico ou religioso”.
O desejo de quase todos é que esta mobilização não seja só “fogo de vista”, que sirva para uma “tomada de consciência” ao nível local e internacional para que “as coisas mudem” para melhor, independentemente de isso poder não passar “de uma utopia”, as pessoas voltam a ter o “desejo de acreditar.”
Com o ataque ao Charlie Hebdo, os irmãos Kouachi quiseram matar um jornal, acabaram mortos à porta de uma gráfica.
O mundo, de braço dado, recusa vergar-se à ameaça do terrorismo.
Nas palavras de Voltaire, cuja avenida serviu de espinha dorsal à marcha: “Não concordo com o que dizes, mas bater-me-ei para que possas dizê-lo.”