Morreu Fernando Alvim, o "braço direito" de Carlos Paredes

Morreu Fernando Alvim, o "braço direito" de Carlos Paredes
De  Francisco Marques com LUSA
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Radialista homónimo conta em EXCLUSIVO à euronews o dia em que conheceu o guitarrista, uma "simpática e ótima pessoa" de quem "toda a gente gostava"

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Fernando Alvim, o guitarrista, morreu esta sexta-feira em Lisboa, disse à agência Lusa fonte da família. Durante 25 anos, foi o “braço direito” de Carlos Paredes, gravou com artistas do nível de Amália Rodrigues, Camané, Carlos do Carmo e Fafá de Belém. Por doença, estava hospitalizado há algum tempo. Tinha 80 anos.

Um dos guitarristas mais conhecidos e internacional do atual Rock em português disse à euronews que a morte de Fernando Alvim representa “uma grande perda” para o país e para a música portuguesa. “Era um enorme guitarrista, um virtuoso delicado e um excelente músico”, disse-nos em exclusivo Paulo Furtado, porventura mais conhecido pelo nome artístico The Legendary Tigerman ou como vocalista dos conimbricenses Wraygunn. O músico, que volta esta semana à estrada para apresentar em várias salas portuguesas o álbum do ano passado, “True, lamenta apenas não ter tido a oportunidade de conhecer o antigo “braço direito” de Carlos Paredes.

Uma das pessoas tocadas de mais de perto pelo desaparecimento do guitarrista foi o radialista e apresentador de televisão Fernando Alvim. Quarenta anos mais novo, mas muitas vezes contactado por telefone para “falar dos Globos de Ouro recebidos ou dos discos gravados com Carlos Paredes”, o Alvim radialista teve oportunidade de conhecer o Alvim guitarrista no ano passado.

“Foi num concerto da Ana Moura. Não imaginava que me iria encontrar com ele, mas um amigo comum, o Tiago Cação, mal me viu disse-me logo: ‘Não imaginas quem cá está? O Alvim. É hoje, é hoje!’ De repente, o encontro tantas vezes adiado ia acontecer”, recorda à euronews Fernando Alvim.

O radialista não se recorda “das últimas palavras nem das primeiras” que trocou com o guitarrista. “Mas lembro-me que nos rimos imenso com tudo o que os nossos nomes iguais nos tinham proporcionado. Do meu lado, as sucessivas mensagens de parabéns que fui recebendo pelos Globlos de Ouro, pelos discos gravados e até pelos discos com o Carlos Paredes. A todos fui agradecendo até perceber que devia esclarecer: eu era o outro Alvim”, revela-nos.

Profissional da comunicação e admirador confesso do guitarrista homónimo, de quem seguiu a carreira, Alvim conheceu Alvim “depois de tentativas sucessivas para o entrevistar”. “Nunca a recusou. A verdade é que ele já estava um pouco doente e os sucessivos adiamentos tiveram a ver com isso. Acabei por não o entrevistar”, lamenta o radialista.

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Algumas histórias desta relação platónica dos dois “Fernandos” ficam para contar. “Lembro-me de estar com amigos meus, numa aqueles conversas em que cada um quer gabar-se dos seus feitos, e eu ia buscar um disco do Carlos Paredes, virava a capa e mostrava-lhes quem tocava com ele. Era um êxito”, diz e revela-nos mais outra história: “Houve uma pessoa de uma editora discográfica que me ligou a dar os parabéns pelo disco que tinha editado e por ter conseguido ter tantas e ótimas pessoas nele incluído.”

O guitarrista, por seu lado, contou-lhe, no dia em que se conheceram, que “algumas pessoas já tinham ligado lá para casa a pensar que” ele era o radialista. “Queriam falar comigo”, completa, antes de nos revelar, a terminar, algo que “adorava” no guitarrista: “Toda a gente gostava do Alvim. Toda a gente o achava tremendamente simpático e ótima pessoa. São assim os ‘Alvins’”, conclui, num dia em que assinalou a despedida ao guitarrista com uma foto dos dois registada no dia em que finalmente se conheceram e puderam rir juntos dos episódios que viveram à distância em nome um do outro.

Hoje deixou-nos Fernando Alvim. Músico do fado e da tradição portuguesa, acompanhador de Carlos Paredes,… http://t.co/t7CeopJ3Zv

— Carminho (@CarminhoMusic) 27 fevereiro 2015

No currículo de Fernando Alvim está o registo de “Formiga Bossa Nova”, tema de Alexandre O’Neil e Alain Oulman gravado ao lado de Amália Rodrigues. Em 2011, o músico editou o duplo CD “O fado e as canções do Alvim”, constituído exclusivamente por composições suas interpretadas pelas vozes, entre outros, de Camané, Ana Moura, Ricardo Ribeiro, Cristina Branco, Rui Veloso, Fafá de Belém, Vitorino e Carlos do Carmo.

Para além do amigo e grande parceiro de palco Carlos Paredes, Fernando Alvim acompanhou e gravou ainda com António Chaínho, Pedro Jóia e, entre outros, José Afonso. Em 2012, o guitarrista recebeu a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Autores, uma “forma de reconhecimento pelo trabalho de décadas ao serviço da dignificação da música portuguesa”, justificou a SPA.

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