Brasil e Angola são os dois representantes da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) em queda no índice de perceção de corrupção de 2015
Brasil e Angola são os dois representantes da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) em queda no índice de perceção de corrupção de 2015, que engloba 168 países de todo o mundo (contra 175 em 2014) e é publicado esta quarta-feira pela Transparecy International, uma coligação global anticorrupção.
Portugal é o melhor classificado da CPLP, subindo do 31.° lugar de 2014 para o 28.° (com os mesmos 63 pontos), seguido de Cabo Verde em 40.°/55 (42.°/57 no ano anterior). O Brasil é o 76.°/38 (69.°/43 , no ano anterior) e Angola é o último da CPLP, em 163.°/15 (161.°/19).How #corrupt are #Africa countries considered? Bad news. Avg score = 33/100. https://t.co/49MVeArkDy#timeforjusticepic.twitter.com/kg9Bqy1YH7
— Transparency Int'l (@anticorruption) 27 janeiro 2016
Espanha sofre a maior queda da União Europeia
A Espanha foi o Estado Membro da União Europeia (EU) que mais recuou na atualização de 2015 do “ranking” dos países com menos corrupção do Mundo, de acordo com a análise dos dados efetuada pela euronews.Alguns especialistas da Transparecy International justificam a derrapagem espanhola de 10 por cento ao longo dos últimos 4 anos com a crise financeira e as consequentes medidas de austeridade. O curioso é que, por exemplo, Portugal e Grécia foram afetados pelos mesmos problemas e estiveram inclusive sob resgate financeiro da “troika” e melhoraram a respetiva classificação.
Os portugueses subiram ao 28.° lugar, com os mesmos 63 pontos; os gregos escalaram 9 posições, com mais 3 pontos que no ano anterior.
O índice ordena os países numa escala de 0 a 100 pontos; quanto mais baixo o resultado mais alto será a perceção de corrupção no respetivo país.
A UE e Europa ocidental tiveram a melhor média regional (67), enquanto a África subsariana registou a pior (33).
A Transparecy International garante que o índice que promove anualmente é o indicador mais usado para controlar os níveis de corrupção no mundo. A coligação explica que este estudo é composto recorrendo à “combinação de pesquisas e apreciações de corrupção, recolhidas por uma variedade de reputadas instituições.”
A derrapagem da Espanha
A Espanha derrapou 10,77 por cento, caindo dos 65 pontos em 2012 para os 58 do ano passado. “Não penso que seja uma surpresa. Houve uma série de revelações de casos de corrupção em Espanha desde que a crise financeira e bancária atingiu o país há 3 ou 4 anos”, disse à euronews Carl Dolan, diretor do gabinete da Transparecy International na UE, acrescentando: “O que me parece interessante nestas revelações é que elas nos mostram a forma sistémica como todos os aspetos da governação em Espanha foram atingidos por estes escândalos.”
“If the EU is concerned about corruption then there’s a long way to go” https://t.co/bEsI8zrszR#timeforjusticepic.twitter.com/jMabZLldLj
— Transparency Int. EU (@TI_EU) 27 janeiro 2016
“Os números estão ali, a preto e branco. É um declínio dramático para um país habituado a estar no top-20 do índice de corrupção antes da crise financeira”, sublinhou Carl Dolan.
Entre os exemplos está, por exemplo, a prisão a 26 de janeiro de 10 pessoas na região de Valência, incluindo um antigo presidente do Partido Popular (PP), em resultado de uma investigação a uma alegada rede de corrupção. Ou o alegado esquema envolvendo o antigo tesoureiro do PP, Luis Bárcenas, acusado de ter feito pagamentos secretos a altas figuras do partido, recorrendo um fundo de doações de empresários.
Terá sido um bom ano para a Grécia?
A Grécia registou o melhor nresultado entre os “28”, dando um salto de 27,78 por cento, saltando dos 36 pontos, em 2012, para os 46 do ano passado. Isto poderia sugerir que a crise não terá tido os mesmos efeitos negativos registados em Espanha.
Carl Dolan que deve enquadrar-se melhor o caso grego: “Por norma, a Grécia e o pior estado mebro da UE no nosso índice de perceção de corrupção, por isso isto são boas notícias, é sinal de que está a melhorar, mas é preciso salientar que os gregos partiram de uma posição muito baixa e ainda têm um longo caminho a percorrer.”
“Em contraste com a Espanha, o que estamos a ver na Grécia é uma tentativa séria dos partidos [helénicos] resolverem o problema da corrupção. Houve muitas investigações anticorrupção, em particular no setor da defesa”, sublinhou o diretor da coligação.