A primeira visita oficial da Rainha Isabel II após o Brexit, foi cheia de simbolismo.
A primeira visita oficial da Rainha Isabel II após o Brexit, foi cheia de simbolismo. Foi à Irlanda do Norte que a soberana britânica se deslocou para uma visita de dois dias. Ontem, quando o vice-primeiro-ministro e líder do Sinn Fein, Martin McGuinness, perguntou se ela estava bem, a rainha respondeu, com humor, “ainda estou viva”.
O Brexit caiu como um relâmpago nesta região autónoma, onde 56% dos eleitores votaram para permanecer na UE.
Os Republicanos pediram imediatamente ao primeiro-ministro britânico um referendo sobre a reunificação da Irlanda, mas sem fixarem um calendário.
“Quem quer que seja, vai ter lidar com o que nós pensamos ser um pedido legítimo do Sinn Fein. Após uma votação que é tão prejudicial para as pessoas do norte, realizar, de forma civilizada, uma sondagem sobre as fronteiras, um referendo,” afirmou o vice-primeiro-ministro e líder do Sinn Fein, Martin McGuinness.
Outra das consequências do Brexit é a alteração da situação atual de funcionamento das fronteiras, já prevista nos Acordos de Paz de Stormont (1998).
Antes de mais, na fronteira entre o Reino Unido e a República da Irlanda: 499 km que hoje são completamente permeáveis..
É difícil perceber onde é a fronteira. Quintas, pequenas estradas, famílias que vivem entre os dois países. Agora, com Brexit, torna-se uma fronteira externa da União Europeia, e Londres poderá restringir as passagens para evitar a livre circulação de pessoas.
“Acho que voltarmos a ter uma fronteira seria um desastre. Durante 100 anos tentámos acabar com ela, por isso não a quero de volta,” considera Ciaran McKellen, residente em Belcoo, Irlanda do Norte.
Do lado irlandês, os políticos estão conscientes, como Paul Feeley, eleito Conselheiro em Cavan County, pelo Fianna Fail, a segunda força política do país.
“Vai ter que ser um acordo, entre os restantes membros da UE e a Grã-Bretanha, sobre a forma como as pessoas se podem se mover através desta fronteira. Nós não queremos uma situação em que ir de uma aldeia para a outra, nos contactos entre familiares dos dois lados, sejamos sujeitos a um controle de passaporte ou algo parecido.
O Brexit ameaça também a economia da ilha, sobretudo a da Irlanda do Norte, excluída do mercado único, enquanto o da Irlanda permanece.
“Uma em cada quatro famílias na Irlanda do Norte depende do comércio que atravessa a fronteira. Este comércio é responsável direto por 50 mil postos de trabalho. Precisamos ter a certeza de que estas barreiras não voltam a ser erguidas,” considera o administrador da Manufacturing Northern Ireland Stephen Kelly.