Presidente da Gâmbia toma posse no Senegal à espera da rendição de Yahya Jammeh

Presidente da Gâmbia toma posse no Senegal à espera da rendição de Yahya Jammeh
De  Francisco Marques

CEDEAO mobiliza forças militares senegalesas, com apoio da força aérea nigeriana, para pressionar o Presidente cessante a ceder o poder a Adama Barrow, vencedor das eleições a um de dezembro.

A Gâmbia está em iminente estado de conflito armado. Tropas do Senegal às ordens da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados de África Ocidental — ECOWAS , na sigla inglesa) já estão no enclave para pressionar o antigo presidente Yahya Jammeh a ceder o poder a Adama Barrow.

O Presidente eleito um de dezembro e que teve de tomar posse esta mesma quinta-feira em território senegalês, para onde fugiu no sábado após a recusa de Jammeh em abdicar do poder. A CEDEAO dá até à manhã de sexta-feira para o Presidente cessante transferir o poder para Adama Barrow.

Após ser empossado na embaixada gambiana em Dacar, o Presidente Adama Barrow foi saudado pela União Europeia através de um telefonema da Alta Representante da política externa dos “28”, a italiana Federica Mogherini.

Em comunicado, a também Vice-Presidente da comissão Europeia instou o ex-presidente Yahya Jammeh a reconsiderar a sua posição de não reconhecer o resultado das eleições.

Mogherini apelou a Jammeh para respeitar a vontade do povo gambiano e reconhecer o novo presidente, manifestando a disponibilidade europeia para apoiar o novo Governo de Barrow a reforçao a democracia no país, o respeito pelos direitos humanos e pelas leis.

O Secretário-geral das Nações Unidas (ONU) também fez uma chamada telefónica ao novo Presidente gambiano, manifestando-lhe “profunda” preocupação pela “recusa do Presidente cessante em deixar o poder e pela enorme fuga de gambianos para o Senegal.

O português António Guterres expressou ainda “total apoio à determinação” de Adama Barrow e “à histórica decisão da CEDEAO, com o apoio unânime do Conselho de Segurança, para repor o cumprimento da lei na Gâmbia e para honrar e fazer respeitar a vontade do povo gambiano.”

A Gâmbia é uma república africana anglófona com cerca de dois milhões de habitantes, embutida no Senegal e com fronteira marítima, a ocidente, com o Atlântico. O enclave foi invadido esta quinta-feira por uma operação militar logo após a tomada de posse de Adama Barrow.

A operação tem o aval diplomático das Nações Unidas, dos Estados Unidos e da União Europeia. A entrada das tropas senegalesas na Gâmbia foi apoiada pela força aérea da Nigéria e pretende impor o mandato da CEDEAO de impor o respeito pela democracia na região.

Presidente da Gâmbia durante 22 anos, Yahya Jammeh não abdica do poder e, apesar de já não ter a legitimidade do seu lado, ainda decretou terça-feira o estado de emergência no país, com o parlamento gambiano a validar esse decreto e com isso a autorizar o Presidente cessante a ficar mais três meses no poder.

A agência de notícias nigeriana PM News adiantava esta quinta-feira à noite que o Yahya Jammeh teria fugido após o avanço das forças militares da CEDEAO e estaria em parte incerta.

Notícias relacionadas