David Griffiths, Amnistia Internacional: "Vimos em 2016 o surgimento no mundo inteiro de políticas de diabolização"

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O relatório da Amnistia Internacional sobre os Direitos Humanos aponta o dedo a uma Europa "mais dividida e perigosa" e alerta para as "políticas de diabolização" que proliferam pelo mundo.

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No seu Relatório Anual sobre o estado dos Direitos Humanos no mundo, a Amnistia Internacional criticou a falta de liderança humanitária em nome daquilo a que chama uma Europa “mais dividida e perigosa”.

Mark Davis, Euronews: Para falar sobre este relatório, temos conosco David Griffiths, da Amnistia Internacional. Senhor Griffiths, obrigada por estar conosco. Em que é que a União Europeia e os líderes nacionais têm falhado aos olhos da vossa organização?

David Griffiths: “Documentámos 36 países em todo o mundo que reenviaram ilegalmente refugiados para situações onde sofrem violência e perseguições e a Europa tem estado na linha da frente dos que estão a minar os fundamentos da lei de asilo e dos refugiados, recusando os refugiados num ano em que cinco mil – o maior número de sempre – se afogaram no Mediterrâneo. Mas não é só isso. Vimos a retórica perigosa e divisionária de Donald Trump durante a campanha eleitoral transformar-se em ação já em 2017; vimos o presidente Duterte, na chamada guerra da droga nas Filipinas, que resultou na morte de sete mil pessoas”.

E: Este relatório é sobre o ano de 2016. A Amnistia Internacional pensa que as falhas da Europa, mas também de outros países do mundo, são fenómenos recentes ou é algo mais enraizado?

D.G: “Bom, o que vimos em 2016 foi o surgimento no mundo inteiro de políticas de diabolização. Obviamente isto não é nada de novo e muita gente, nós incluídos, tem apontado como referência os anos 30 do século passado. Já passámos por isto antes e as consequências foram muito más e é tempo de reconhecermos que este caminho é muito perigoso. É perigosamente fácil pintar um distópico do futuro do mundo agora e estamos a chegar a um ponto em que umas pessoas são vistas como mais humanas do que outras”.

E: Muitos europeus têm o sentimento que muitos anos de políticas migratórias laxistas puseram em causa os seus direitos e alimentaram o perigo do terrorismo. Estes receios são legítimos?

D.G: “Bem, vimos a política europeia em relação aos refugiados, que os repeliu, minando o próprio fundamento das leis de refugiados que foram postas em prática após a catastrófica crise dos refugiados na sequência da Segunda Guerra Mundial. Sabe, é importante que as pessoas reconheçam que os refugiados são muitas vezes vítimas das mesmas ameaças que os líderes na Europa têm usado para justificar o afastamento dos refugiados. Os refugiados são eles mesmos vítimas “.

E: Se mudarmos de perspetivas, para olharmos um pouco para o lado positivo, onde é que podemos encontrar exemplos a seguir na defesa dos Direitos Humanos?

D.G: “Bom, houve muitas boas notícias em 2016, por todo o mundo. Onde os líderes falharam, as pessoas estão a agir. Vimos isso na costa do Mediterrêneo na Europa, com a generosidade das pessoas a ajudarem os refugiados a chegarem à costa, abrirem-lhes as portas de casa, a apoiá-los. Pessoas a viajarem pela Europa como voluntárias. Sabe, as pessoas não querem esta política repressiva que os líderes estão a praticar. É importante que as pessoas ajam e peçam contas aos líderes para acabar com estas políticas de diabolização, mas nem sempre é fácil”.

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