Rússia e EUA trocam acusações sobre a Síria no Conselho de Segurança da ONU

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De  Francisco Marques
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Reunião de emergência em Nova Iorque tinha por base proposta de condenação e obrigação do governo sírio em expor registos militares, mas Moscovo opôs-se.

Estados Unidos e Rússia trocaram acusações, esta quarta-feira, numa reunião extraordinária do Conselho de segurança das Nações Unidas (ONU) sobre o conflito na Síria.

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Em cima da mesa estava uma proposta de resolução pedida por Estados Unidos, Reino Unido e França a condenar o ataque de terça-feira com alegadas armas químicas em Idlib e a obrigar o governo sírio a revelar os registos dos ataques efetuados neste mesmo dia contra posições dos rebeldes da oposição.

O ataque terá ocorrido por volta das 06:30 (hora local) da manhã de terça-feira, na província de Idlib, na Síria, tendo morrido mais de 70 pessoas, incluindo 20 crianças.

“Se confirmado, este será o pior ataque com armas químicas na Síria desde o ataque no leste de Ghouta, em agosto de 2013”, afirmou Kim Won-so, o alto representante da ONU para o Desarmamento.

“Assad tem de ser responsabilizado por estes ataques bárbaros contra o próprio povo”, escreveu terça-feira à noite, já madrugada de quarta-feira em Lisboa, a embaixadora dos Estados Unidos nas redes sociais da Internet.

Testemunhas referem ter visto aparelhos de aviação de guerra a atacar a zona, equipamento que apenas é conhecido ser recurso do exército sírio ou dos seus aliados, como a Rússia.

Diversas organizações humanitárias a operar na região, como os Médicos Sem Fronteiras, confirmaram ter assistido vítimas do ataque revelando sintomas relacionados com o contato a gases tóxicos.

O governo sírio nega qualquer ataque com recurso a armas químicas.

A Rússia, por seu turno, acusou as forças militares afetas ao Presidente Bashar al-Assad de terem conduzido um ataque na zona, mas iliba o exército sírio do uso de armas químicas.

Fonte de Moscovo alega que o alvo atingido pelas forças militares sírias foi um armazém de armamento dos rebeldes da oposição ao regime, onde estariam escondidos os químicos que terão afetado as vítimas.

Já esta quarta-feira, em Bruxelas, na Bélgica, o secretário-geral da ONU declarou que “crimes de guerra estão a acontecer na Síria” e garantiu que “ninguém está a ganhar a guerra”. “Todos estão a perder. É tempo de acabar com o horror e aliviar o sofrimento”, escreveu o português Antonio Guterres na rede social Twitter.

A Rússia, reconhecido aliado do Presidente Bashar al-Assad e um dos cinco membros permamentes do Conselho de Segurança, por isso, com diretiro de veto, considerou tal resolução como “inaceitável” e o confronto diplomático revelou-se intenso na sede da ONU.

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O embaixador adjunto permanente da Rússia na ONU, Vladimir Safronkov, foi porta-voz de uma acusação de Moscovo a Barack Obama.

“A ameaça pelo antigo Presidente dos Estados Unidos de recorrer a uma ação militar se uma ‘linha vermelha’ fosse cruzada e armas químicas fossem usadas na Síria terá provocado este tipo de ataques. Essa decisão serviu de ponto de partida para futuras provocações de terroristas e estruturas extremistas com o uso de armas químicas”, acusou o representante russo.

A embaixadora norte-americana na ONU, Nikki Haley, respondeu com a necessidade de uma ação individual se o dever coletivo da ONU falhar ou se Moscovo não intervir como alega ser capaz.

“Se a Rússia tem a influência na Síria que diz ter, temos de a ver a usa-la. Precisamos de ver a Rússia colocar um ponto final nestes atos horríveis. Quantas mais crianças têm de morrer antes de a Rússia se preocupar?”, atirou Nikki Halley depois de ter mostrado à assembleia fotos de alegadas vítimas do ataque de terça-feira, incluindo de crianças.

“Quando as Nações Unidas falham de forma consistente no dever de agir coletivamente, há momentos na vida dos países em que somos compelidos a agir por conta própria”, avisou a representante dos Estados Unidos.

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