A contagem oficial indica 74 vidas ceifadas pelos incêndios na região de Ática, mas autarca de Rafina admite haver bem mais devido ao número de pessoas incontatáveis
O rasto de devastação provocado pelos incêndios na Grécia está a deixar também um balanço de vítimas próximo àquele que assolou Portugal no ano passado.
O balanço oficial de vítimas às primeiras horas desta quarta-feira apontava para 74 mortos e 164 feridos, incluindo 23 crianças. A imprensa grega, contudo, já ia um pouco mais além e referia a descoberta de mais três cadáveres, agravando o balanço oficioso para 77 mortos.
Pelo menos uma centena de pessoas mantém-se incontactável e o presidente da Câmara de Rafina, um dos municípios da região administrativa de Ática, que integra Atenas a ocidente, admitia que o número de mortos viesse a ultrapassar em breve a centena.
Uma página de internet foi lançada e nela estão a ser colocadas fotografias de algumas das mais de 100 pessoas dadas como desaparecidas na sequência destes incêndios.
A zona balnear de Mati é uma das áreas mais afetadas pelo fogo. Mais de duas mil casas já terão ardido na região de Ática.
A origem das chamas não foi ainda apurada, mas existem suspeitas de mão criminosa, numa região já habituada altas temperaturas e a incêndios, mas não com a atual gravidade.
As chamas têm sido alimentadas por ventos na ordem dos 100 quilómetros/ hora.
Na terça-feira, o primeiro-ministro Alexis Tsipras declarou três dias de luto nacional na Grécia e o executivo helénico decidiu desviar 20 milhões de euros do Programa de Investimento Público para a ajuda imediata às zonas mais afetadas pelo fogo.
As histórias de fins trágicos e de sobreviventes in extremis continuam. Um grupo de 26 pessoas foi encontrado terça-feira carbonizado num campo junto a Mati. Estariam a tentar fugir das chamas, mas cercados pelo fogo, abraçaram-se e assim foram descobertos os cadáveres.
Por outro lado, muitos foram os que escaparam das chamas mergulhando no mar.
Não há notícia de portugueses entre as vítimas já identificadas.
A Grécia ativou entretanto o Mecanismo Europeu de Proteção Civil. Ajuda está já a ser enviada de vários países europeus, incluindo um grupo de 50 elementos da Força Especial de Bombeiros de Portugal.
"Fizemos uma avaliação com grande urgência, compreendendo o nível dramático do que está a acontecer na Grécia. Decidimos, dentro de um quadro de emergência e dos nossos recursos, enviar, para já, cerca de 50 elementos da Força Especial de Bombeiros", afirmou o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita.
O scretário de Estado da Proteção Civil, José Artur Neves, afirmou que Portugal não vai ficar desprotegido na sequência do envio também para a Suécia de meios aéreos localizados em Vila Real e que tinham a função de prestar apoio a toda a região Norte do País.