Ativistas antirracismo ensombram concentração de supremacistas brancos em Washington

Munidos de cartazes, milhares de ativistas antirracismo desfilaram pelas ruas de Washington rumo à praça Lafayette, em frente à Casa Branca.
Foi aqui que se concentraram, este domingo, neonazistas e supremacistas brancos, um ano depois da tragédia de Charlottesville, que se traduziu na morte de três pessoas e em dezenas de feridos.
No terreno a polícia impediu o contacto entre os dois lados rivais. Apesar da tensão não se registaram grandes incidentes.
Depois de alguns discursos, a chuva acabou por colocar termo à concentração convocada pela rede de extrema-direita "Unir a Direita" (Unite the Right, em inglês). Esperavam-se aproximadamente 400 pessoas mas só cerca de 20 responderam sob a liderança de Jason Kessler, promotor da manifestação do ano passado em Charlottesville.
"Estamos em 2018. Não estamos na era da segregação das chamadas leis Jim Crow. As pessoas brancas estão a tornar-se uma minoria nos EUA e na Europa e deparamo-nos com discriminação real", sublinhou Jason Kessler, líder da rede "Unir a Direita."
Do lado dos contra-manifestantes reafirmou-se a rejeição de qualquer forma de racismo.
"Acredito na liberdade de expressão mas não na mensagem que os nazis estão a tentar disseminar. Todas as pessoas têm o direito de ser e de existir. Todos temos um papel e Um lugar para estar neste país e no mundo", disse Tony Hess.
Allyson Pokres, outra contra-manifestante, acrescentou: "O racismo e o fascismo não são bons. Isso não é patriótico. Rejeitamo-lo de todo."
No terreno, a polícia acabou por recorrer ao gás lacrimogéneo para dispersar alguns confrontos.
Já em Charlottesville, pequena cidade a menos de 200 quilómetros a sul de Washington, relembraram-se os eventos do ano passado e multiplicaram-se as homenagens a Heather Heyer, morta por um simpatizante neonazista que avançou com o carro na direção de contra-manifestantes e fez também vários feridos.