No "berço" de Jimi Hendrix e do Grunge

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De  Euronews
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Quarto episódio da série "Notes From the USA", uma viagem do músico norte-irlandês por alguns dos locais mais emblemáticos da música nos Estados Unidos

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Foy Vance percorreu o mundo inteiro durante dez anos para promover os seus três álbuns de estúdio. Recentemente, o músico da Irlanda do Norte viajou até aos Estados Unidos para visitar várias cidades norte-americanas e descobrir o que faz delas um destino turístico especial.

A escala, desta vez, é no berço do Grunge, no noroeste americano e, ao primeiro contacto, percebemos logo o que torna Seattle especial.

Aqui nasceram Jimi Hendrix, os Pearl Jam, os Soundgarden e, claro, os Nirvana, entre muitos outros nomes marcantes da história do Rock.

O café de Seattle também é famoso ou não fosse esta também a terra da Starbucks. A comida, garante Foy Vance, também merece elogios.

Com montanhas, cursos de água, florestas e toda a oferta cultural disponível, a maior cidade do Estado de Washington parece ser um belo destino para visitar.

Seattle é habitada há cerca de quatro mil anos e a zona do estuário de Puget há já 12 mil.

Em 1851, chegaram os primeiros colonos europeus. Decidiram erigir uma cidade nas proximidades de uma aldeia da tribo nativa, os Duwamish.

O colonato viria mais tarde a ser nomeada como Seattle, em honra ao líder das tribos nativas locais, Sealth, que havia sido muito hospitaleiro na receção aos europeus.

O termo "Cidade Esmeralda" resulta do cenário da região, verde durante todo o ano, com vista para os picos brancos da montanha Rainier.

Grandes marcas começam pequenas

A Seattle do século XX ficou ligada à indústria da alta tecnologia e do conhecimento. Foi o berço de multinacionais como a Starbucks, a Amazon, a Boeing ou a Microsoft.

Nenhum destes agora gigantes dos mercados começaram logo em alta. A Amazon, por exemplo, começou funcionar na garagem de Jeff Bezos.

A Starbucks abriu em 1971 como uma simples loja de Seattle que vendia grãos de café torrado. Só 15 anos depois começaram a vender o café já bebível.

Enquanto berço de grandes marcas, hoje Seattle mantém a vibração de pequena escala e é a casa de diversas pequenas marcas. Desde livrarias independentes a cafés como o Analog, a comerciantes com bancas no famoso ,ercado "Pike Place."

É uma cidade onde o pequeno é parte da beleza.

A não perder: destinos favoritos em Seattle

Esta não foi a primeira visita de Foy Vance a Seattle, no estado de Washington.

"As pessoas fazem-me sentir um pouco como se estivesse na Irlanda do Norte. São um pouco cínicas e espertalhonas. Conhecem bem a respretiva música", enaltece Foy.

Veja aqui algumas das recomendações do músico irlandês sobre o que fazer na cidade:

1. "Easy Street Records" é o local favorito em Seattle. "É a loja de discos mais fixe do mundo", descreve sobre o local onde se diz que os Pearl Jam terão tocado o seu concerto mais longo de sempre. É mais do que uma loa de discos. Tem um palco, um bar, uma cozinha e uma sala de snooker. "Tem sempre um grande som a tocar", sublinha;

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2. Terá sido o aumento do preço das cebolas por volta de 1906 que criou as condições para o surgimento do mercado "Pike Place". O vereador Thomas Revelle propôs a criação de um mercado público onde os agricultores pudessem vender diretamente aos consumidores. Foi um sucesso imediato. E ainda hoje é. Não há melhor sítio para sentir a cidade.

3. O "Space Needle" é emblemático e famoso mundialmente. O design futurista foi criado para a Feira Mundial de 1962 quando parecia que a exploração espacial estava lançada e sem limites. Quem subir ao topo pode desfrutar de uma vista sobre a região a 360°. Atualmente, existe também um impressionante chão de vidro.

4. O "ponto de encontro" da rádio KEXP é um local único para quem ama a arte e a música. Incorpora uma zona de lounge com um café, uma loja de discos e uma zona de exposições. Tudo em torno do estúdio de emissão da rádio, que se pode ver do hall exterior. Com sorte, se visitar este espaço, até pode apanhar um concerto de um grupo de Rock. O início de fevereiro tem um especial The Clash.

5. O Museu da Cultura Pop merece uma visita nem que seja pela arquitetura assinada por Frank Gehry. Lá dentro pode descobrir exposições sobre ficção científica, música Pop, moda ou jogos de vídeo. Em março, é inaugurada uma exposição sobre o universo Marvel.

A banda sonora de Seattle

Berço de Jimi Hendrix, um dos lendários guitarristas da década de 60, é no entanto o Grunge a ditar os principais acordes em Seattle. Mas há muito mais para ouvir neste recanto americano.

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- O single de estreia dos Pearl Jam, "Alive" (1991) é de escuta obrigatória;

- O "rapper" Sir Mix-a-Lot também nasceu e cresceu em Seattle. "Posse on Broadway" (1987) fala-nos do bairro Capitol Hill;

- Quando era jovem, Jimi Hendrix costumava frequentar o "Spanish Castle" The young Jimi Hendrix used to hang out in The Spanish Castle, um clube entre Tacoma e Seattle a quem dedicara o tema "Spanish Castle Magic" (1967);

- Perry Como era da Pensilvânia, mas a sua música "Seattle" (1969) foi uma declaração de amor à cidade;

- "Smells Like Teen Spirit", dos Nirvana (1991) foi a grande catapulta do grupo de Kurt Cobain para a fama;

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- "Send in the Clowns" foi uma versão de 1975 de um clássico de Stephen Sondheim pela vantora folk de Seattle Judy Collins que fez furor nas tabelas de vendas;

- "Such Great Heights" (2003) é o grande cartão de visita dos The Postal Service e foi lançado por outra das instituições do Rock de Seattle, a Sub Pop Records.

Os amigos de Foy Vance

Há uma sensação distinta em Seattle, como confirmou Foy Vance ao encontrar-se com John Roderick.

O líder do grupo The Long Winters já trabalhou com grandes nomes da música como Death Cab For Cutie ou Aimee Mann e é o fundador da Comissão de Música de Seattle.

Perante a comparação feita por Vance entre Seattle e Belfast, Roderick admite "muitas semelhanças com alguns locais no norte da Europa".

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"Seattle fica longe dos outros centros urbanos americanos. Por isso teve de criar a sua própria cultura", explica o também guitarrista, antes de ambos entrarem no mercado de Pike Place, famoso pela banca onde os empregados passam os peixes entre si como se uma bola de râguebi se tratasse.

"Toda a gente vem aqui ve-los a lançar o peixe pelo ar", sublinha Roderick, reconhecendo tratar-se de "um belo espetáculo", mas acrecentando rapidamente que eles "também vendem o peixe". Um pouco amassado talvez, arriscamos dizer.

"O mercado Pike Place existe praticamente desde a fundação de Seattle. Vemo-lo como o coração da cidade. A comunidade apoia-se nele. Agora fala-se muito do movimento 'quinta-para-a-mesa'. É isto! Tudo neste mercado é da região. Vem de produtores, estufas e artesãos locais", garante Roderick.

Depois do mercado, Foy e John prosseguiram para o Aquarium de Seattle, onde há desde 1977 são dadas a conhecer as espécies marinhas que habitam na baía Ellio, que banha a cidade.E Vance pôde até tocar em alguns exemplares algo viscosos.

Após despedir-se de Roderick, Foy Vance foi ao encontro de Dan Kennedy, no centro da cidade.

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O Dan é um dos locutores do podcast "The Moth", mas, antes de se mudar para Nova Iorque, viveu cinco anos em Seattle, onde deu voz um programa de rádio.

"Sou um pouco apanhado por Seattle. Há milhões de coisas fantásticas aqui. O que mais gosto neste género de parque no centro de Seattle é quando, no outono, eles promovem aqui o festival Bumbershoot. São centenas de bandas. Compra-se um passe, entra-se aqui no Centro e podemos ver todos os concertos. Depois, claro, quando encontraram o Kurt Cobain morto em 1994, foi aqui que reproduziram a leitura de Courtney Love da carta deixada por Cobain", relembra-nos Dan Kennedy, enaltecendo a grande riqueza musical e cultural deste local especial em Seattle.

Foy e Dan aproveitaram para passar também pelas instalções da rádio KEXP, um ponto de visita obrigatória na baixa da cidade.

"Apresentei aqui o programa da manhã quando ocupava pouco mais de 100 metros quadrados na universidade de Washington", recorda-se Dan, ao entrar num espaço grandioso e hoje em dia reconhecido inclusive por ser palco concertos de nomes famosos do Rock emitidos em direto pela rádio e disponíveis na internet para serem reproduzidos as vezes que quisermos.

Foy e Dan são recebidos por Tom Mara, o diretor executivo da KEXP, numa zona ampla conhecida como "ponto de encontro".

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É onde que as pessoas se juntam e onde podem ver a nossa exposição de arte. Temos agora uma exibição de fotografias da autoria de um vasto grupo de profissionais que tem fotografado os concertos que organizamos. Há também uma pequena loja de discos, portanto podes ir ali gastar algum dinheiro", diz Tom para Dan, surpreendido por ver que atualmente a cabine do locutor/ DJ "dá mesmo para o 'ponto de encontro'."

"Temos 45 DJs e todos com autonomia para escolher a música que passam. Não há 'playlist'. O nosso trabalho é fazer ligação entre as pessoas que gostam de música e os artistas que nós achamos que merecem ser ouvidos", explicou Tom Mara.

O "ponto de encontro" da KEXP está aberto todos os dias e a rádio disponibiliza visitas aos estúdios todas as tardes.

A viagem de Foy Vance seguiu depois ao encontro de Matt Vaughn, na respetiva loja de discos. A "Easy Street Records" é uma instituição em Seattle, onde é possível comprar discos, comer qualquer coisa ou ver um concerto.

Este é um sítio que não é muito procurado pelos turistas que visitam Seattle. Vaughn exlica que a loja é vítima do facto de "vir para a zona oeste de Seattle não é a primeira opção quando o 'Space Needle' é noutro sítio e o mercado 'Pike Place' noutro."

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"Aqui, na zona oeste, foi onde nasceu Seattle. Foi para aqui que veio a família Denny e onde surgiram as primeiras fronteiras", sublinha Matt Vaughn.

Pelo palco da cave da "Easy Street Records" já passaram centenas de artistas, incluindo os Pearl Jam, Lana del Rey ou Jack Johnson. Aproveitando a visita, Matt convidou também Foy Vance a atuar no palco da "Easy Street" perante algumas dezenas de pessoas.

Não há outra cidade igual. Seattle está no canto noroeste dos Estados Unidos, perto do Canadá. Existe sempre algo distinto nas cidades com vida própria e isso sente-se em Seattle, conhecida como a Cidade de Esmeralda.

"Quando a visitamos parece mesmo que estamos a descobrir um tesouro escondido", garante Foy Vance.

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