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Smashing Pumpkins: do pior ao melhor álbum, incluindo o novíssimo 'Aghori Mhori Mei'

Os Smashing Pumpkins foram umas das bandas mais marcantes da geração grunge.
Os Smashing Pumpkins foram umas das bandas mais marcantes da geração grunge. Direitos de autor xxxxxxx
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De  David Mouriquand
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Com o lançamento de 'Aghori Mhori Mei', o 13.º álbum dos The Smashing Pumpkins, exploramos onde se situa este novo trabalho na discografia da banda.

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Originalmente compostos pelo vocalista/guitarrista Billy Corgan, o guitarrista James Iha, a baixista D’arcy Wretzky e o baterista Jimmy Chamberlin, o grupo de Chicago foi uma das bandas definidoras dos anos 1990. Capturaram o som grunge da época e foram devagar injetando elementos psicadélicos, góticos, de metal e até de synth-pop.

Mas nem sempre funcionou. A banda teve altos e baixos, após a primeira separação no início dos anos 2000. Desde então, a formação tem estado em constante rotação – com Corgan permanecendo como único membro permanente – e lançado discos regularmente, resultando numa discografia extensa, embora irregular. Mesmo assim, nunca tiveram medo de inovar e, mesmo que o resultado seja às vezes frustrante, nunca são entediantes.

Com o lançamento hoje de 'Aghori Mhori Mei', o 13.º álbum, exploramos onde o novo trabalho se situa em comparação com os clássicos da banda como 'Siamese Dream' e 'Mellon Collie and the Infinite Sadness'.

Aqui vai:

13) Zeitgeist (2007)

Zeitgeist
ZeitgeistMartha's / Reprise

Vamos começar com este álbum, já que ninguém gosta dele. Pode tentar fazer uma reavaliação, mas é uma grande confusão.

Quando a banda se separou em 2001, o líder do grupo, Billy Corgan, expandiu os horizontes e lançou um excelente álbum com o supergrupo de curta duração Zwan. Ao longo dos anos, houve rumores de que Corgan e o baterista Jimmy Chamberlin estavam a tentar ressuscitar os Pumpkins. Em 2007, tivemos o resultado... e soava a  piloto automático. 'Zeitgeist' tem algumas faixas decentes, como ‘Doomsday Clock’ e ‘Tarantula’, mas apesar de alguns riffs fortes, este é o único álbum dos Smashing Pumpkins que pode ser ignorado sem problemas

12) ATUM: A Rock Opera in Three Acts (2023)

ATUM
ATUMMartha's Music - Thirty Tigers

Billy Corgan nunca teve pouca ambição. Teve grandes planos para álbuns conceptuais e estruturas narrativas que ligam os lançamentos em torno de um conceito grandioso. Houve 'Teargarden by Kaleidoscope' e a série 'Shiny and Oh So Bright' – ambas abandonadas a meio – e no ano passado embarcou noutro grande projeto. Desta vez, conseguiu acabá-lo. Portanto, merece elogios por isso. No entanto, 'ATUM: A Rock Opera in Three Acts', um álbum conceptual com 33 faixas, é simplesmente penoso.

Abraçando totalmente o som synth-pop mais recente, é uma coleção teatral, mas insípida, que se perde na sua própria mitologia.

11) Cyr (2020)

Cyr
CyrMartha's Music - Sumerian

A experimentação synth dos últimos anos foi uma tentativa louvável dos Pumpkins direcionarem o som gótico da banda para novos caminhos. 'Cyr' foi o som de um compromisso total.

Lado positivo: é menos sombrio e bastante mais otimista.

Lado negativo: é uma tentativa de, em 72 minutos, de imitar Joy Division à maneira dos New Order e, excetuando algumas canções decentes (‘Cyr4’, ‘Wyttch’, ‘Wrath’), é difícil encontrar um fã dos Pumpkins que classifique este álbum num lugar cimeiro na lista de favoritos.

10) Shiny and Oh So Bright Vol. 1: No Past. No Future. No Sun. (2018)

So Shiny
So ShinyMartha's Music - Napalm

A partir daqui, tudo fica mais interessante.

O ano de 2018 foi bom para os Pumpkins, já que o membro original da banda James Iha voltou a juntar-se ao grupo pela primeira vez desde a separação original, no início dos anos 2000. O álbum seguinte seria atipicamente breve, com oito canções que funcionam bastante bem juntas. Claro, às vezes é pomposo, e músicas como ‘Knights of Malta’ desaceleram um pouco demais. Ainda assim, singles como ‘Solara’ e ‘Silvery Sometimes (Ghosts)’ mostraram que ainda havia vida nos Pumpkins. 'Shiny and Oh So Bright' não foi o retorno mais convincente à forma, mas recapturou um pouco da magia inicial.

9) Monuments to an Elegy (2014)

Monuments to an Elegy
Monuments to an ElegyMartha's Music

A formação da banda contou com o baterista dos Motley Crue, Tommy Lee, e quando tiramos o álbum do confuso e extenso projeto 'Teargarden by Kaleidyscope' em que estava incluído, é uma audição muito agradável, com faixas como ‘One And All (We Are)’ e ‘Drum + Fife’ a destacarem-se.

Ao contrário de 'Zeitgeist', este álbum pode ainda ser reavaliado no futuro como tendo sido injustamente subestimado.

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8) Oceania (2012)

Oceania
OceaniaMartha's Music

De novo, outro álbum que fazia parte do projeto abandonado 'Teargarden', mas um que é bastante agradável, especialmente após o desapontante 'Zeitgeist'. É o único álbum com a baixista Nicole Fiorentino e o baterista Mike Byrne, e a química deles com Corgan funcionou. Há um sentimento onírico em muitas destas canções, e a coesão sonora das 13 faixas foi uma descolagem impressionante dos sons da Geração X dos anos 90. Destaques incluem 'Quasar', 'The Celestials', 'Violet Rays' e 'Pinwheels' – canções que mostraram na altura que os Pumpkins dos últimos tempos não deviam ser ignorados.

Tudo considerado, um álbum que merece mais amor dentro discografia do grupo

7) Pisces Iscariot (1994)

Pisces Iscariot
Pisces IscariotVirgin

Um bónus, já que 'Pisces Iscariot' é uma compilação de lados B, raridades e gravações descartadas que muitas vezes não são incluídas no catálogo principal da banda.

No entanto, tal como como 'Incesticide' dos Nirvana, é essencial para os fãs, especialmente aqueles que querem ouvir Corgan a fazer uma cover de 'Landslide' dos Fleetwood Mac.

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Outras faixas imperdíveis são ‘Soothe’ e a épica de 11 minutos ‘Starla’.

Não é um álbum essencial, mas definitivamente melhor do que era suposto.

6) Gish (1991)

Gish
GishCaroline - Hut

Não há como negar que 'Gish' é um ótimo álbum de estreia, o LP que os apresentou à cena grunge já superlotada e que incluía os Nirvana, Soundgarden, Pearl Jam e Jane’s Addiction.

Não foi muito notado na altura, provavelmente porque foi lançado apenas quatro meses antes de 'Nevermind' dos Nirvana. No entanto, faixas como ‘Rhinoceros’, ‘Siva’ e ‘I Am One’ deram à banda bastante tempo de antena para anunciar um início promissor de quatro músicos que tocavam como se tivessem tudo a perder. O facto de estar classificado tão baixo é porque o que se segue teve mais poder de marcar a discografia da banda.

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E a próxima entrada é uma surpresa muito agradável...

5) Aghori Mhori Mei (2024)

Aghori Mhori Mei
Aghori Mhori MeiMartha's Music - Thirty Tigers

Eles conseguiram. Embora o ceticismo fosse justificado, considerando os recentes lançamentos exagerados e dececionantes da banda, Corgan e os membros originais Jimmy Chamberlin e James Iha entregaram 10 novas faixas que merecem ser rotuladas como um verdadeiro regresso à forma.

Não poderia ser mais diferente de 'ATUM', lançado no ano passado, já que 'Aghori Mhori Mei' parece uma banda que abandonou a autoparódia e está a funcionar a todo vapor mais uma vez. É um álbum de guitarra, com muita paixão, que parece os Pumpkins vintage. Desde a ameaçadora ‘Edin’ até à orquestral ‘Murnau’, passando pela progressiva ‘Pentagrams’ e a exaltante ‘Who Goes There’, os ganchos e os refrães funcionam, parecendo um daqueles álbum dos Pumpkins que hesitamos em recomendar.

Para além de ser novidade, pode-se dizer que os Pumpkins demoraram o seu tempo, mas estão completamente de volta.

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4) Machina / The Machines of God (2000) & Machina II / The Friends & Enemies of Modern Music (2000)

Machina
MachinaVirgin

O quarteto clássico dos Smashing Pumpkins voltou a juntar-se brevemente (o baterista Jimmy Chamberlin esteve ausente em 'Adore' de 1998) e pela última vez, já que este duo de álbuns marcou o fim de uma era para a formação original. Após o mais experimental 'Adore', aumentaram o volume novamente e entregaram melodias grandiosas, riffs pesados, baterias magistralmente tocadas e músicas de destaque na carreira. Nem tudo funciona, mas os poucos deslizes não prejudicam este conjunto dinâmico – com 'The Everlasting Gaze', 'Stand Inside Your Love' e 'Wound' provando ser um excelente canto do cisne para a banda original. Curiosidade: Corgan queria que 'Machina' fosse um álbum duplo, mas a editora recusou. Portanto, num dos primeiros exemplos de presente de música para os fãs, ele fez 'Machina II' para os amigos, com permissão para redistribuir o álbum na internet.

3) Adore (1998)

Adore
AdoreVirgin

Envolto em tragédia e agitação, o quarto álbum da banda não começou da melhor maneira. Jimmy Chamberlin e o teclista de turnê Jonathan Melvoin sofreram uma overdose depois de um concerto em 1996, resultando na morte de Melvoin. Chamberlin foi despedido da banda e, sem baterista, o trio gravou um álbum sombrio repleto de sintetizadores, pianos e canções sobre perda. A gótica ‘Ava Adore’, a terna ‘Perfect’, a sombria ‘Pug’ e a comovente ‘For Martha’ resistiram ao teste do tempo e, embora 'Adore' fosse considerado uma mudança radical demais para os fãs dos sons anteriores da banda, o álbum ganhou um certo culto entre os desde o lançamento. É merecido.

2) Mellon Collie and the Infinite Sadness (1995)

Mellon Collie and the Infinite Sadness
Mellon Collie and the Infinite SadnessVirgin

Bombástico e teatral, o terceiro álbum da banda é amplamente considerado um dos melhores, se não o mais celebrado. Após a obra-prima do rock alternativo 'Siamese Dream' (não há pontos para adivinhar qual álbum está no topo desta lista agora), Corgan começou a elaborar um plano grandioso: superar 'The Wall' dos Pink Floyd. 'Mellon Collie and the Infinite Sadness' seria um álbum duplo com 28 faixas, que levaria o grunge/rock alternativo a novos patamares. Ele e seus colegas de banda conseguiram, com a odisseia aclamada pela crítica e comercialmente bem-sucedida a percorrer uma gama de estilos e humores - desde o exuberante (‘Tonight, Tonight’), o feroz (‘Zero’, ‘Bullet With Butterfly Wings’), o introspetivo (‘Thirty-Three’), ao calmante (‘Farewell and Goodnight’) ao simplesmente icónico (‘1979’). O talento correspondeu à ambição, e 'Mellon Collie...' continua a ser um marco do rock dos anos 90, bem como uma das maiores realizações da banda.

Mas não é o melhor...

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1) Siamese Dream (1993)

Siamese Dream
Siamese DreamVirgin

'Gish' pode ter sido uma estreia sólida, mas o salto entre esse e o segundo álbum foi surpreendente. 'Siamese Dream' não surgiu do nada, no entanto. A banda estava um caos: Jimmy Chamberlin era viciado em heroína, D’arcy Wretzky e James Iha tinham terminado o relacionamento e Corgan estava não só deprimido, mas também ansioso por lançar um álbum que pudesse ganhar a mesma atenção comercial que os Nirvana. E ainda assim, com tudo isso a pesar nos ombros da banda, ‘Siamese Dream’ acabou por dar voz a uma geração desiludida: tornou-se um dos lançamentos marcantes dos anos 1990. Desde a abrasiva ‘Cherub Rock’ até à mais bela canção escrita sobre tendências suicidas ‘Today’ e ao single de sucesso ‘Disarm’, os Smashing Pumpkins conseguiram captar a ansiedade da época e torná-la ressonante tanto a nível pessoal quanto universal.

É um álbum perfeito e, sem dúvida, o álbum pelo qual a banda vai ser recordada.

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