"Novo começo" para a Nissan-Renault pós Carlos Ghosn

A nova aliança à frente do consórcio Nissan-Renault-Mitsubishi
A nova aliança à frente do consórcio Nissan-Renault-Mitsubishi Direitos de autor REUTERS/Kim Kyung-Hoon
De  Francisco Marques
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Consórcio franco-japonês apresenta nova estrutura no conselho de administração, mas o ex-patrão, entretanto libertado da prisão, promete reagir em breve à mudança

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Há uma nova liderança na forja para assumir os destinos do consórcio franco-japonês que junta desde 1999 a Renault, a Nissan e a Mitsubishi.

O projeto foi anunciado esta terça-feira, mas o acordo definitivo sobre a nova administração operativa da Aliança, como é designado o consórcio, será firmado no dia do 20.° aniversário da junção das empresas.

Numa conferência de imprensa na sede da Nissan, em Yokohama, nos arredores de Tóquio, Japão, o presidente da fabricante francesa, Jean-Dominique Senard, foi destacado como o líder da nova administração e prometeu um "novo começo" para a aliança após a turbulência dos últimos meses provocada pelo escândalo em torno do ex-patrão da Nissan e da Renault, Carlos Ghosn.

"Queremos dar um novo fôlego ao espírito desta aliança e recuperar o espírito do arranque deste projeto no final dos anos 90, respeitando totalmente a cultura das nossas empresas e as nossas marcas", prometeu Senard, perante os jornalistas, garantindo ainda não ser candidato à presidência da Nissan, lugar vago desde a prisão de Carlos Ghosn, em novembro, sob acusação de abuso de confiança e evasão fiscal.

A nova administração da Aliança será o único corpo de supervisão das operações e gestão das três fabricantes que integram o grupo, assumindo as funções até aqui desempenhadas pelas Renault-Nissan BV e Nissan-Mitsubishi BV, duas sociedades com sede fiscal na Holanda.

Os futuros administradores da Aliança incluem Thierry Bollore, diretor-geral da Renault, Hiroto Saikawa, patrão executivo da Nissan, e Osamu Masuko, presidente da Mitsubishi. O quarteto passa a reunir-se mensalmente em Paris ou em Tóquio.

A fabricante nipónica, que detém 15% da Renault e 34% da Mitsubishi, não pretendia abrir porta a um escândalo similar ao de Ghosn e opôs-se a ceder a respetiva liderança à mesma pessoa que lidera a parceira francesa, como acontecia com o anterior presidente de ambas as empresas.

Ghosn, por seu turno, diz-se inocente e vítima de uma conspiração, tendo vindo a defender-se perante a justiça japonesa. Esta semana conseguiu sair da prisão a troco de uma caução de oito milhões de euros, mas foi proibido de participar na reunião de administração da aliança franco-japonesa.

Contactado pelos meios de comunicação, o ex-patrão da Nissan e da Renault fez saber pelo respetivo advogado, com quem se reuniu já esta terça-feira pela manhã, estar "inquieto pelo futuro da Nissan" e prometeu responder em breve ao grupo empresarial do qual foi afastado em novembro.

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