"A ideia base será sempre tocar o disco como peça de teatro"

Pedro Franco e João Mota numa das fotos promocionais de "Homem Delírio"
Pedro Franco e João Mota numa das fotos promocionais de "Homem Delírio" Direitos de autor Rui David
De  Francisco Marques
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Os Um Corpo Estranho (Setúbal, Portugal) lançam esta sexta-feira o sexto trabalho discográfico, "Homem Delírio", numa discografia que inclui algumas bandas sonoras

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A dupla portuguesa Um Corpo Estranho está de regresso aos discos. "Homem Delírio" é o sexto trabalho de um projeto com forte ligação às artes cénicas.

Pedro Franco e João Mota partilham os instrumentos e as vozes das oito músicas deste novo trabalho, que já conta com dois singles: "O Estrangeiro" e "Sangue Irmão".

Falámos com a dupla sobre este novo projeto e a ideia de o transpor para o palco num formato que alia teatro físico, dança e as oito canções do disco, numa encenação de Ricardo Mondim, cuja estreia está prevista para 11 de maio no Teatro São João, em Palmela.

Já nasceu... Agora é vosso Publiée par Um Corpo Estranho sur Vendredi 22 mars 2019

**De onde surgiu e o que inspirou este "delírio" que sucede a "Pulso" (2016)?

**

João Mota: O "Homem Delírio" é um trabalho que nasceu numa altura em que sentimos necessidade de virar a página ao que tínhamos feito nos discos anteriores tanto a nível musical como estético e nas semânticas. Surgiu-nos a ideia de um arquétipo, este homem delírio, um pouco inspirado no universo quixotesco. É uma personagem que percorre as várias canções e vai-se afirmando ao longo deste trabalho.

Pedro Franco: Este disco acaba por ser também uma mistura dos trabalhos anteriores com as bandas sonoras das peças que fizemos nos últimos anos. Pensámos que seria interessante fazer um disco com este elemento meio etéreo e instrumental, que fazia a ponte entre os dois trabalhos, mas penso que continuamos neste território do Pop Rock e do Folk, que é onde nos movemos melhor.

A transposição deste disco para o palco passa por uma encenação teatral de Ricardo Mondim. Este é um conceito a manter na promoção do disco ou a ideia é adotar uma versão mais de concerto ?

PF: A ideia base será sempre tocar o disco como peça. Foi esse o conceito que idealizámos e é a isso que vamos tentar fiéis. Não quer dizer que se nos surgir uma oportunidade não toquemos o disco sem a peça, mas estamos a pensar sermos para já o mais fiéis possíveis ao conceito inicial.

Como se enquadram os Um Corpo Estranho na Europa atual e, à beira do Brexit, de eleições europeias e da ascensão da extrema-direita, como se enquadra o projeto europeu em cada um de vocês, no grupo e na musica que fazem?

JM: Nós tentamos não ser um projeto político, mas como escritores de canções temos uma responsabilidade de pensar e meditar no quotidiano e nas questões nacionais e internacionais. É algo que nos afeta e obviamente que nos influencia na forma como escrevemos canções. É muito preocupante ver algumas coisas que estão a acontecer na Europa neste momento como em tantas outras partes do mundo e isso acaba sempre por transparecer para o nosso trabalho.

PF: Algumas coisas estão nas letras, mas não é explicito e fica para quem quiser entender. Não somos politicamente ativos na música que fazemos, mas também não deixamos de escrever sobre isso, mas de uma forma mais subliminar e entre linhas.

**Mostrar o projeto a outros públicos europeus está nos vossos planos ?
**

JM: Não é uma preocupação inicial. Movemo-nos na esfera da língua portuguesa. Quando lançamos um disco e pensamos em toca-lo ao vivo é semppre dentro destas barreiras em que nos movemos, mas não está fora de questão. Teríamos todo o prazer em levar o disco a outras culturas e a outras línguas porque achamos que a música tem uma língua universal. Era algo que nos daria imenso prazer e se surgir a oportunidade claro que aceitamos o desafio.

Como veem o estado da música portuguesa na Europa e no resto do Mundo? A Eurovisão, neste novo modelo da RTP e com o triunfo do Salvador Sobral, tem ajudado alguma coisa ?

PF: Atualmente temos um naipe de artistas portugueses muito bom e até bastante abrangente, em diversos estilos musicais. O Salvador Sobral é um deles. Acabou por ser o reflexo do estado de gozo que a música portuguesa atualmente atrai.

JM: Não acreditamos que a Eurovisão seja o elemento que melhor reflete a música portuguesa no mundo. É como o Pedro estava a dizer, temos tantos artistas lá fora que singraram e levam a cultura portuguesa através da música a outros sítios. A Eurovisão é um concurso, tem o valor que tem. Na realidade, a música do Sobral quase nem encaixa nos parâmetros do festival. Nós não acreditamos na música como uma competição, mas reconhecemos que (o festival) é importante e saudável. De alguma forma tem feito emergir novos artistas, principalmente em Portugal, e isso é tudo positivo.

Sentem apoio do Estado à promoção da música em Portugal para lá do Fado?

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PF: Como projeto independente, não pensamos muito nesse conceito do que é que o Estado pode fazer por nós porque fazemos tudo através dos mecanismos que temos à nossa disposição. Temos uma equipa de trabalho incrível, de amigos que nos apoiam e que acreditam em nós. Tudo se torna simples e fazível. Fazemos o que está ao nosso alcance e com os meios que pudermos. Não pensamos muito no que podem fazer por nós. Às vezes é até o contrário: pensamos antes no que podemos fazer pelos outros.

Editor de vídeo • Francisco Marques

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