Crise política na Bélgica com fim à vista?

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De  Isabel Marques da SilvaGregoire Lory
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Crise política na Bélgica com fim à vista?

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Sete partidos fizeram o ponto da situação, quarta-feira à noite, sobre as negociações para formar um governo federal na Bélgica, a fim de informar o Rei Filipe até 9 de setembro.

As eleições regionais e legislativas de 26 de maio revelaram um aumento da extrema-direita na região da Flandres, dos socialistas na região da Valónia e dos ecologistas na região Bruxelas Capital.

Só a última já tem um governo regional, o que dificulta a solução a nível federal e os analistas realçam a fragmentação parlamentar existente.

"Estamos confrontados com dois grandes problemas: o primeiro é o aumento de votos nos partidos mais radicais do sistema e que não podem integrar a maioria federal. Deve-se realçar que, no total, a extrema-esquerda e a extrema-direita obtiveram 30 assentos entre 150 eurodeputados", explicou Pascal Delwit, politólogo na Universidade Livre de Bruxelas, em entrevista à euronews.

"O outro é que a maioria se obtém com 76 deputados mas, na verdade, é entre os restantes 120 moderados que se tenta obtê-la. Contudo, há muitos partidos antagónicos para confecioná-la", acrescentou.

O primeiro-ministro liberal Charles Michel assegura interinamente o governo de coligação, que perdeu um dos quatro partidos, em dezembro passado, por causa da assinatura do Pacto Mundial de Migração. Um partido nacionalista da Flandres (N-VA) não aceitou a decisão, levando à queda do governo.

Ascensão na cena europeia

Charles Michel foi escolhido para próximo presidente do Conselho Europeu (2020), em julho, e o seu vice e ministro dos Negócios Estrangeiros, Didier Reynders, acaba de ser nomeado para futuro comissário europeu pela Bélgica.

Esta ascensão dos liberais na cena europeia até poderá ser um factor positivo, diz o analista: "Eventualmente, o que poderia ser uma complicação poderá ser transformado numa oportunidade. Como o primeiro-ministro de um governo provisório está de saída, terá de se construir uma maioria à volta de outros partidos".

"Em certos círculos políticos circula essa hipótese de usar a distribuição de pessoas entre presidência do Conselho Europeu, pasta na Comissão Europeia e cargo de primeiro-ministro para chegar à solução necessária para uma maioria no governo federal", acrescenta Delwit.

O debate internacional sobre medidas para a crise ecológica, guerra comercial e Brexit poderá pressionar os partidos belgas a evitarem bater o seu próprio recorde de 541 dias sem governo, como aconteceu em 2010-2011. Além disso, há que apresentar à Comissão Europeia, até meados de outubro, o projeto de orçamento para 2020.

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