Memórias da revolução na Roménia

Memórias da revolução na Roménia
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De  Joao Duarte Ferreira
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O regime comunista de Ceausescu assentava numa polícia secreta que incluia meio milhão de informantes

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O regime comunista de Nicolae Ceausescu na Roménia era um sistema fechado suportado por um serviço secreto considerável.

Durante a revolução, intervenções militares e combates de rua resultaram em mais de um milhar de mortos.

Radu Ionescu tinha 17 anos quando foi morto no centro de Bucareste.

"Ele morreu juntamente com 13 outros jovens e esta peça de roupa foi tudo o que família recebeu uns dias depois. Ele envergava esta camisola. Eles nunca explicaram verdadeiramente como é que ele morreu" afirma Simina Badica, curadora romena no museu Casa da História Europeia, em Bruxelas.

O poder de Ceausescu assentava na muito temida polícia secreta, a Securitate, que tinha meio milhão de informantes num país de 22 milhões de pessoas.

A coleção contida na Casa da História Europeia inclui documentos dos serviços secretos sobre inúmeros intelectuais incluindo a vencedora do Prémio Nobel Herta Muller.

Os intelectuais eram um dos principais alvos do regime.

"Qualquer pessoa que tivesse uma máquina de escrever nos anos 80 na Roménia tinha que ir à polícia todos os anos e fornecer uma amostra da máquina. Era aquilo a que hoje chamaríamos de um estado orwelliano. O estado tentava controlar o pensamento das pessoas pensando que isto era a chave para manter a estabilidade e controlo sobre a população", adianta a curadora.

A revolução romena foi também a única revolução na qual o ditador foi condenado à morte e executado. Mas há questões do passado que permanecem em aberto, segundo Simina Badica.

"As razões pelas quais a revolução romena foi tão brutal ainda são desconhecidas. Os historiadores, museus e todos os romenos procuram respostas para as grandes questões", afirma.

Agora, 30 anos após a insurreição, o que é que a revolução significa para a Roménia e para a Europa?

"A lição deixada pela revolução romena é na essência uma lição de esperança, liberdade, das pessoas reconquistarem uma voz, de saírem para as ruas, recuperando a sua dignidade, coragem, dizendo que já basta!", adianta a curadora.

Na quinta-feira, o Parlamento Europeu vai adotar uma resolução na qual apela à Roménia para clarificar a verdade dos acontecimentos.

O texto acrescenta que nenhum ato de agressão militar contra o próprio povo deve permanecer impune.

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