"Grande consenso para dizer que não devemos ceder"

Sem "fumo branco" no acordo para o Fundo de Recuperação económica pós-Covid, os líderes da União Europeia voltaram a reunir-se este domingo em Bruxelas para tentar desbloquear o impasse, mas o braço-de-ferro mantém-se, sobretudo com os quatro Estados-membros conhecidos como "frugais" e agora com o líder da Hungria a aponta o dedo ao chefe de Governo da Holanda.
À entrada para o terceiro dia deste Conselho Europeu Especial, a líder da Alemanha falava de "um dia certamente decisivo" para encontrar consenso entre os parceiros.
Por seu lado, o Presidente de França, que partilhou com a homóloga germânica uma proposta de retoma económica para os "27", falava em "diversos temas ainda por fechar" à entrada para o terceiro dia de discussões em Bruxelas.
Para Emmanuel Macron, à cabeça dos temas ainda em aberto estava "o Estado de Direito". "É uma das principais condições deste orçamento e sobre o qual houve ontem um grande consenso para dizer que não devemos ceder porque está na base dos princípios e valores europeus", explicou o chefe de Estado gaulês.
A posição francesa tinha como alvos subentendidos a Polónia e a Hungria, onde os respetivos governos têm vindo a tomar decisões vistas em Bruxelas como limitadoras da democracia.
Curiosamente, antes de retomar a mesa com os parceiros europeus, o presidente húngaro, que tem vindo a liderar uma campanha de repressão dos meios de comunicação húngaros, de universidades e de movimentos civis, afirmou aos jornalistas que "há 100% de acordo no Estado de Direito" e defendeu inclusive que "se alguém não está pronto a aceitar o Estado de Direito, deve ser expulso da União Europeu".
"A luta pela liberdade e a luta pelo Estado de Direito são a mesma coisa na cabeça dos países da Europa central. Se alguém não está pronto a aceitar isto, deve deixar a comunidade", reforçou Órban.
O líder magiar apontou ainda o dedo ao chefe de Governo da Holanda, acusando-o de ser o responsável pelo impasse que arrastou este Conselho Europeu Especial para um terceiro dia sem acordo.
"Não sei qual é a razão pessoal para o primeiro-ministro holandês para me odiar, a mim ou à Hungria, mas ele está a atacar com força.Não gosto de jogos de culpa, mas o holandês é o verdadeiro responsável por esta grande confusão. O primeiro-ministro holandês é o combatente", disse Órban.
O Conselho Europeu prossegue em Bruxelas, a aguardar "fumo branco".