Cidades inteligentes, o novo horizonte na União Europeia

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Cidades inteligentes, o novo horizonte na União Europeia
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De  Claudio Rosmino
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As Missões de I&D para o futuro programa "Horizonte Europa" (2021-2027) estão em destaque no programa "Futuris."

Nesta edição de "Futuris" debruçamo-nos sobre as missões de I&D da União Europeia para encontrar soluções para os principais desafios da atualidade.

As cinco áreas das primeiras grandes missões, definidas no âmbito do programa Horizonte Europa (2021-2027), são: luta contra o cancro; oceanos, mares, águas costeiras e interiores saudáveis; saúde dos solos e alimentação; adaptação às alterações climáticas, incluindo a transformação societal e cidades inteligentes com impacto neutro no clima.

Começamos por descobrir como tornar cem cidades europeias neutras em carbono até 2030.

Hanna Gronkiewicz-Waltz, presidente da missão, explicou a importância de reduzir o impacto ambiental nas cidades: "As cidades cobrem cerca de 3% da terra e produzem cerca de 72% das emissões globais de gases de efeito estufa. Por isso, são precisamente o lugar no qual podemos ter impacto e influenciar a mudança para a neutralidade carbónica. Porque a mobilidade, a habitação e os resíduos são questões que podem ser geridas reduzindo as emissões de gases de efeito estufa: O nosso principal objetivo é fundamentalmente apoiar, promover e mostrar uma centena de cidades na Europa e ajudá-las no processo de transformação para a neutralidade climática."

Espanha na vanguarda

Em Espanha, nas cidades de Valladolid e Palência, estão em curso projetos no domínio das cidades inteligentes com impacto neutro no clima.

Mais de metade da população mundial vive em áreas urbanas e estima-se que o número venha a atingir os 80% em 2050. É por esse motivo que são necessárias ações concretas em nome da neutralidade carbónica em áreas metropolitanas para proteger o ambiente e a qualidade de vida.

Na capital da comunidade autónoma de Castela e Leão, Valladolid, foram implementadas estratégias no âmbito do projeto europeu "Remourban", que junta uma constelação de iniciativas distintas.

O projeto inclui outras duas cidades farol - Nottingham, no Reino Unido, e Tepebaşı, na Turquia - e duas cidades que seguem os passos - Seraing, na Bélgica e Miskolc, na Hungria.

"Implementámos ações em âmbitos como a eficiência energética nos edifícios, a mobilidade sustentável ou a implementação das tecnologias de informação e comunicação. Em termos de mobilidade, implantámos uma infraestrutura de recarga que tem agora 63 pontos de abastecimento em toda a cidade. Incorporámos também 45 veículos elétricos em várias frotas de entrega de última milha dentro da cidade e implementámos dois autocarros elétricos no projeto. Outros três autocarros, maiores, foram incorporados pela autarquia", sublinhou Miguel Ángel García-Fuentes, arquiteto do centro tecnológico CARTIF e coordenador do projeto "Remourban" no terreno.

Graças à tecnologia, agora bastam seis minutos para efetuar recarregamentos e um autocarro tem autonomia para viajar de um terminal a outro.

Juntamente com uma frota de uma dúzia de veículos elétricos e estações de recarregamento, os autocarros elétricos que circulam por Valladolid mudaram os hábitos da população.

"O resultado é que os cidadãos, os utilizadores, receberam bem estas iniciativas - sobretudo os que fazem um uso muito intensivo da cidade - como os transportes urbanos de mercadorias, as entregas de última milha, os táxis e as grandes frotas de veículos que circulam pela cidade", explicou Modesto Mezquita, coordenador de inovação na autarquia de Valladolid.

Para atingir as metas relacionadas com bairros de baixo consumo energético, Valladolid passou por um importante processo de modernização no bairro de Fasa, por exemplo. As fachadas dos edifícios beneficiaram de um novo isolamento, instalou-se um grande painel fotovoltaico numa torre e a energia produzida é usada para alimentar a rede de aquecimento urbano. Novos sistemas de aquecimento de biomassa substituíram as antigas caldeiras de gás e combustível.

Esta renovação permitiu poupanças energéticas de mais de 30% e níveis de conforto sem precedentes em termos de temperatura, mas há mais vantagens, como referiu Juan María Sánchez-Cuéllar, gestor de desenvolvimento da Veolia: "Com a poupança que estamos a conseguir através da redução consumo, está-se a amortizar o investimento em paralelo. Por outro lado, e não menos importante, está a poupança em emissões de CO2. Podemos dizer que graças a este projeto estamos a poupar a libertação de cerca de 780 toneladas de C02 para a atmosfera, o que corresponde à plantação anual de 2500 árvores."

Transformando cidades

A transformação de uma cidade para um modelo inteligente tem em conta diferentes dimensões, mas a energia é um fator crítico neste equilíbrio, como explicou Rubén García, engenheiro no centro tecnológico CARTIF e coordenador do projeto "mySMARTLife", que foi implementado em Palência, uma cidade de média dimensão a 50 quilómetros de distância de Valladolid: "A orientação destes projetos é trabalhar para a sustentabilidade e resiliência das cidades. As nossas cidades são, obviamente, um grande consumidor de energia. A grande maioria das pessoas vive nas cidades e neste sentido há um problema na hora do abastecimento como energias limpas. Este tipo de projetos promove o desenvolvimento de iniciativas-piloto inovadoras para a transição energética."

Transformar o ambiente urbano num lugar mais sustentável, reduzir as emissões de CO2 e aumentar o uso de fontes de energia renovável estão entre os objetivos do projeto europeu "mySMARTLife". Palência aplicou-os como cidade seguidora, replicando o que foi feito por três cidades farol: Nantes, Hamburgo e Helsínquia.

"Palência lançou várias iniciativas. Uma das iniciativas teve a ver com a melhoria da iluminação na cidade. Iluminação LED menos contaminante, muito mais percetível e que reduz as emissões de CO2, o que é importante para a nossa cidade. A certa altura a redução das emissões chegou aos 30%, o que significa menos 30% de emissões de CO2. A poupança energética também representa cerca de 50% do consumo que tínhamos no momento", sublinhou Alfonso Polanco Rebolleda, vice-presidente da autarquia de Palência.

O município de Palência já substituiu 57% da rede de iluminação com tecnologia LED. A intensidade e a duração da luz podem ser mudadas de acordo com vários parâmetros, como lembrou Gabriel Rubí, responsável pelo departamento de ambiente na autarquia de Palência: "Com esta iluminação inteligente temos uma aplicação que podemos controlar ponto a ponto. Podemos programar, planificar no verão ou no inverno em função das condições da vegetação, da localização do ponto de luz. Por exemplo, durante o período de confinamento conseguimos reduzir a luz que tínhamos controlado ponto a ponto até 30%."

Construir e partilhar este tipo de projetos sustentáveis interligados abre caminho para futuras estratégias urbanas feitas à medida para as realidades de cada cidade. Para Palência, o repto continua a ser pensar a cidade com cada vez mais futuro.

"Agora temos a obrigação de começar a projetar a cidade que queremos em Palência em 2030. Uma cidade na qual todos estes projetos estarão completos e que continua a trabalhar para ser uma 'friendly city', onde a qualidade de vida está a ser melhorada", referiu o presidente da Câmara de Palência, Mario Simón Martín.

A implementação e melhoria destes modelos para a transformação das cidades pretende abrir caminho para a fase final da missão: criar as condições para a neutralidade climática na Europa até 2050.

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