Bruxelas promete apoiar países que recebam bem os refugiados

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De  Isabel Marques da Silva
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O executivo europeu pretende divulgar, no final de setembro, um novo pacto para a migração e asilo, mas as organizações humanitárias temem que não se traduza em grandes mudanças no terreno, nomeadamente a redistribuição dos refugiados e migrantes por vários países da União.

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Acidente ou crime, depois de ter sido decretado isolamento para alguns dos ocupantes por causa da Covid-19, continua a ser a dúvida que paira no ar sobre o fogo que destruiu o campo de refugiados de Moria, na ilha de Lesbos, o maior da Grécia e também da União Europeia.

O campo abrigava mais de 12 mil pessoas, mais de quatro vezes a capacidade da instalação, o que leva Stephan Oberreit, membro dos Médicos Sem Fronteiras, a defender a tese de acidente: "Este terrível acidente era uma bomba-relógio esperada, que podia explodir a qualquer momento". 

"As condições no campo de Moria, desde que foi criado em 2015, são totalmente inaceitáveis. Recentemente, contabilizavam-se 20 mil pessoas num campo projetado para menos de três mil. Até certo ponto, isto poderia ter sido evitado se o campo não tivesse sido mantido em tão más condições ao longo de tanto tempo", acrescentou, em entrevista à euronews.

As instituições da União Europeia ofereceram ajuda ao governo grego, tendo a comissária europeia dos Assuntos Internos, Ylva Johansson,  considerado que a prioridade é o realojamento em condições dignas.

“A Comissão Europeia continuará, com certeza, a ajudar os Estados-membros que suportam o fardo mais pesado em termos de chegadas irregulares de pessoas, mas é claro que os campos devem ter boas condições de vida e não o tipo de condições que existiam em Moria", disse Johansson à euronews.

Novo pacto na UE

O executivo europeu pretende divulgar, no final de setembro, um novo pacto para a migração e asilo, mas as organizações humanitárias temem que não se traduza em grandes mudanças no terreno, nomeadamente a redistribuição dos refugiados e migrantes por vários países da União.

"O que mais tememos é que a situação na Grécia, que o sistema que aí vigora, seja usado como mapa de orientação para a nova estratégia da União Europeia em matéria de asilo, mas gostaríamos de ver exatamente o oposto", referiu Evelien van Roemburg, membro da Oxfam.

"As pessoas não devem ser colocadas em campos nas zonas de fronteira da União Europeia, mas devem ser bem recebidas e realojadas em todos os Estados-membros, para que haja maior solidariedade com os países que se situam nas fronteiras sul e leste da Europa", acrescentou.

Heiko Maas, ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, país que preside, atualmente, à União Europeia, pediu aos Estados-membros que cuidem dos migrantes atingidos pelo que classificou de "desastre humanitário".

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