Brexit leva estudantes Erasmus a optar pelos Países Baixos

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Direitos de autor Mike Corder/AP
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De  Isabel Marques da SilvaBrian Carter
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Cerca de metade dos estudantes europeus que querem fazer estudos na língua inglesa colocam os Países Baixos como primeira opção no programa Erasmus.

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A Universidade de Utrecht, nos Países Baixos, é um íman para estudantes internacionais, que representam cerca de 10% dos 36 mil inscritos. O pólo está calmo devido ao confinamento por causa da pandemia de Covid-19, tendo muitos estudantes estrangeiros regressado aos países de origem para pouparem nas despesas de alojamento.

Mas quando voltar a normalidade, o movimento poderá ser ainda maior do que nos anos anteriores porque o Brexit levou a que muitos jovens escolhessem este destino em vez do Reino Unido, como é o caso da alemã Theresa Fleitz, da Alemanha.

"Eu fui afetada pessoalmente pelo Brexit na medida em que já não se pode ir para lá fazer o programa Erasmus. Estudo economia e o Reino Unido é conhecido por ter muito boas universidades nessa área. Como estudante internacional, sempre assumi que poderia, simplesmente, ir para qualquer lugar na Europa", disse a jovem, em entrevista à euronews.

Sem a bolsa do programa Erasmus, as propinas e o custo de vida no Reino Unido tornaram-se demasiado caros para muitos jovens. 

Os estudantes britânicos, por seu lado, terão mais dificuldade em obter vistos e outras condições para estudarem em países da União Europeia.

A Rede de Estudantes Erasmus considera que o Brexit é um duro golpe num programa muitas vezes classificado como uma das iniciativas de sucesso da União, que desde 1987 beneficiou cerca de dez milhões de pessoas.

"O apoio que geralmente se obtém com o programa Erasmus, ao nível da bolsa financeira, mas também o apoio dado à universidade de origem e à universidade de acolhimento do estudante funciona muito bem e não percebo porque é que se abandonou algo tão bom para os alunos", considera Imke Greven, presidente do ramo neerlandês da Rede de Estudantes Erasmus.

Programa Turing e acordos bilaterais

Um estudo recente do governo neerlandês aponta o país como um dos prováveis beneficiários do Brexit por este via. Cerca de metade dos estudantes europeus que querem fazer estudos na língua inglesa colocam os Países Baixos como primeira opção no programa Erasmus.

"Isto deve-se, principalmente, ao facto de que os programas de estudos nos Países Baixos são de alta qualidade, a maioria das pessoas fala bem em Inglês e há muitos programas lecionados na íntegra em inglês", explicou Jeroen Wienen, porta-voz da organização holandesa para internacionalização na educação.

Cerca de 18 mil jovens britânicos estavam a beneficiar do Erasmus e o governo de Londres promete criar um novo programa, a partir de setembro, como o nome do cientista britânico Alan Turing.

Existe, também, vontade por parte de muitos países da União Europeia de criarem programas bilaterais com o Reino Unido que permitam manter o espírito de intercâmbio e cooperação académica que caracterizam o Erasmus, algo que agradaria a esse teólogo e filósofo humanista neerlandês que viajou por toda a Europa no século XVI.

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