"Estado da União": Pacote legislativo "Fit for 55" em destaque

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Apresentação da iniciativa do executivo comunitário dominou semana europeia

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Não é fácil avaliar o impacto do discurso do líder de um país à nação, menos ainda sustentá-lo com números.

Ainda assim, em França, esta semana, o presidente Emmanuel Macron conseguiu desencadear uma grande reação. O motivo: Macron implorou educadamente aos franceses para se vacinarem.

De forma contundente anunciou que a vida para as pessoas que não estiverem vacinadas se tornará difícil.

"A partir do início de agosto, o passe sanitário vai aplicar-se a cafés, restaurantes e centros comerciais, bem como a hospitais, lares e estabelecimentos médicos e sociais. Também se aplicará a aviões, comboios e autocarros, para longas distâncias. Só quem tiver sido vacinado e testado negativo terá acesso autorizado a estes lugares", sublinhou o presidente francês.

A perspetiva de não poder fazer nada divertido durante o verão e mais além fez com que as pessoas entrassem em ação. Nas primeiras 24 horas após o discurso de Macron, mais de um milhão de pessoas agendaram a vacinação, o equivalente a 20 mil por minuto. Um recorde absoluto desde o início da campanha da vacinação.

Obviamente, as pessoas entenderam a mensagem de Macron: se quiser ser livre, tem de se vacinar. É uma escolha e consequência de cada um.

Por falar em consequência, esta semana a Comissão Europeia também anunciou um ambicioso pacote legislativo com novas políticas climáticas que podem ter consequências profundas para os cidadãos e diferentes indústrias.

Intitulado "Fit for 55", está pensado para reduzir as emissões de carbono em 55% até 2030. Mais ninguém no mundo está a considerar políticas que incluam a eliminação de vendas de novos carros movidos a gasolina e a gasóleo ou novas tarifas sobre países com regras climáticas mais flexíveis.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, fez todos os possíveis para vender as propostas ao público, descrevendo-as como um passo necessário numa competição global em que acredita que a Europa tem uma vantagem: inteligência.

"Nem sempre podemos competir com o tamanho de nossos concorrentes ou, por exemplo, com a quantidade de recursos naturais que têm. Mas podemos contar com o recurso renovável mais precioso do mundo, que são as nossas ideias, o nosso engenho. Podemos contar com o poder inovador de nosso povo", sublinhou Ursula von der Leyen.

Se tudo correr bem, as companhias aéreas e os navios de carga terão de recorrer a combustíveis mais limpos, os fabricantes de aço e outros fabricantes precisarão de pagar mais pelos créditos de emissão de C02 e os fornecedores de eletricidade serão pressionados a acelerar a mudança para energia eólica, solar e hidroelétrica, em vez de carvão.

Começa agora o processo de uma negociação que se adivinha difícil entre a Comissão, o Conselho e o Parlamento Europeu.

Para falar sobre o pacote legislativo "Fit for 55", estivemos à conversa com Ska Keller, copresidente do Grupo dos Verdes/ Aliança Livre Europeia no Parlamento Europeu.

Stefan Grobe, Euronews - "Fit for 55" parece um nome chamativo de um seguro de saúde. É a apólice certa para as gerações futuras?

Ska Keller, copresidente do Grupo dos Verdes/ Aliança Livre Europeia no Parlamento Europeu - Já era hora de colocarmos as medidas na mesa. Estou muito contente que a Comissão Europeia tenha avançado com este pacote. No entanto, o que vemos agora é que, embora questionemos se é suficiente para cumprir os compromissos que assumimos em conjunto no Acordo Climático de Paris, existem algumas lacunas. Mas, no geral, é muito importante apoiar os objetivos da União Europeia com algumas medidas além das metas.

Stefan Grobe, Euronews - Um dos princípios orientadores do pacote é fazer com que quase todos os setores paguem para poluir. O plano está de acordo com esse princípio?

Ska Keller, copresidente do Grupo dos Verdes/ Aliança Livre Europeia no Parlamento Europeu - Vejo alguns problemas aí. Por exemplo, ainda haverá licenças gratuitas ou certificados no Sistema de Comércio de Emissões. Isso é um problema porque, por um lado, o esquema será ampliado ou haverá um sistema separado de comércio de emissões para transportes e habitação, que afetará principalmente as pessoas que conduzem e precisam de aquecimento. Mas, por outro lado, ainda estamos a dar licenças gratuitas à indústria. Penso que isso não é muito equilibrado, de certa forma. Depois há ainda o problema do imposto sobre o combustível aéreo. Um imposto sobre o combustível para voar de avião, onde se tem verificado isenções. Isso é uma grande discriminação também porque viajamos de comboio, por exemplo, e isso terá um processo de eliminação gradual muito longo. Aparentemente, a Comissão Europeia quer excluir os aviões particulares fretados disso. É uma lógica que realmente não entendo. Por isso, vemos algumas lacunas.

Stefan Grobe, Euronews - Falou-se muito do Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira, um dos novos elementos que constam do pacote, que chuta a bola para outras regiões e países, países mais pobres, que teriam de pagar uma fatura económica muito mais alta. O que pensa disto?

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Ska Keller, copresidente do Grupo dos Verdes/ Aliança Livre Europeia no Parlamento Europeu - Penso que é importante ter um mecanismo assim porque a indústria tem razão ao dizer: ok, agora temos basicamente de pagar o nosso clima. Então, quando alguém que está, por exemplo, a construir um prédio na União Europeia, importar coisas que foram produzidas sem essas condições estritas em outro lugar, já não é realmente o mesmo. Já não estamos a jogar no mesmo campo. Por isso, penso que é importante criar condições equitativas.

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