"Lembro-me de olhar para baixo e ver pessoas mortas"

A memória das vítimas do ataque de 2015 perdura
A memória das vítimas do ataque de 2015 perdura Direitos de autor AP Photo/Thibault Camus/Arquivo
De  Francisco Marques
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Thomas Smette saiu de casa na sexta-feira 13 de novembro de 2015 para ver um concerto dos Eagles of Death Metal no Bataclan, em Paris. Sobreviveu a um dos maiores atentados terroristas na Europa

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O atentado terrorista de novembro de 2015, na capital de França, que esta quarta-feira começa a ser julgado em Paris, é ainda um pesadelo para muitos dos sobreviventes daquele pesadelo tornado realidade a meio de um concerto dos Eagles of Death Metal.

Admirador da banda de Rock norte-americana, Thomas Smette era uma das 1500 pessoas naquela sexta-feira 13 diante do palco, na sla Bataclan.

Uma noite difícil de esquecer.

Quando me deitei no chão, o único pensamento que tinha era: ‘quero viver, quero viver, quero viver’.

Lembro-me de olhar para baixo e ver pessoas mortas. De repente, um polícia disse-me: ‘não olhes para ali, olha para os meus olhos.
Thomas Smette
Sobrevivente do ataque no Bataclan, a 13 de novembro de 2015

Smette diz lembrar-se "bem" das palavras do polícia, mas garante que a tentativa de o poupar ao horror "não apagou da memória o que já tinha visto".

"Depois, recordo-me de estar a tomar um duche e aí comecei a chorar, no chuveiro. De repente não havia mais ninguém à minha volta, a olhar, e senti que podia quebrar", acrescenta o sobrevivente.

Seis anos depois, o trauma daquela noite ainda o faz tremer: "Assim que oiço certos barulhos ou sirenes da polícia ou dos bombeiros, fico em alerta. Nos concertos a que fui depois daquela noite, verifico sempre onde estão as saídas de emergência."

O atual contexto pandémico também não ajuda na aproximação do início do julgamento.

"Com tudo o que se tem passado devido à Covid-19, este é um mundo pouco confortável e isso também não me ajuda a tranquilizar com a aproximação deste julgamento monstruoso. Estou a preparar-me psicologicamente para o julgamento. Vai-me custar muito", antevê Thomas Smett.

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