Rússia abandona Ilha da Serpente, no Mar Negro

A Rússia anunciou a retirada da estratégica Ilha da Serpente, ao largo de Odessa, no Mar Negro.
O ministério russo da Defesa diz que é uma "prova de boa vontade", para acabar com a especulação sobre o bloqueio de Moscovo à saída dos cereais da Ucrânia.
O porta-voz do Ministério russo da Defesa, Igor Konashenkov, disse: "Isto demonstra à comunidade mundial que a Federação Russa não está a impedir os esforços da ONU para organizar um corredor humanitário para a exportação de produtos agrícolas a partir do território da Ucrânia. Esta decisão não permitirá a Kiev especular sobre o tema de uma crise alimentar iminente, citando a incapacidade de exportar cereais devido ao controlo total da Rússia sobre a parte noroeste do Mar Negro".
A Ucrânia e o Ocidente têm acusado a Rússia de bloquear os portos ucranianos para impedir as exportações de cereais, contribuindo para a crise alimentar mundial.
A Turquia procurou intermediar um acordo para desbloquear as exportações de cereais da Ucrânia, mas as conversações arrastaram-se sem qualquer sinal de progresso rápido, com Kiev a manifestar a preocupação de que a Rússia pudesse usar o acordo para lançar um ataque a Odessa.
As forças russas, que ocuparam a ilha logo no início da guerra, estavam sob fortes bombardeamentos há semanas. Os militares ucranianos disseram que os últimos elementos russos fugiram em duas lanchas, após uma carga de artilharia e mísseis.
A partir da cimeira da NATO, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson comentou: "Se queriam provas da espantosa capacidade dos ucranianos de ripostar, de superar adversidades e de repelir os russos, então olhem para o que aconteceu ainda hoje, na Ilha da Serpente, onde a Rússia teve de ceder terreno novamente. No final, será impossível para Putin manter um país que não aceitará o seu domínio".
A Ilha da Serpente veio a ser a epítome da resistência ucraniana à invasão russa, quando as tropas ucranianas receberam uma exigência de um navio de guerra russo para se renderem ou enfrentarem um bombardeamento. A resposta marcou os espíritos: "navio de guerra russo", vai-te f....." . Depois, os ucranianos renderam-se.