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Euro 2004: quando Lisboa se tornou a capital da... Grécia e palco de um triunfo histórico

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fotografia de stock Direitos de autor  Dusan Vranic/AP
Direitos de autor Dusan Vranic/AP
De Ioannis Karagiorgas
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A Grécia ganhou o Europeu há 21 anos, naquela que foi a maior surpresa da história do futebol.

Corria o dia 4 de julho de 2004 quando todos os gregos e portugueses se preparavam para assistir à final do Campeonato Europeu de Futebol, que se realizou em Lisboa, numa noite quente de verão.

Vinte e um anos depois, são os gregos que recordam o maior feito desportivo do país e, para muitos, a maior surpresa da história do futebol.

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Fotografia de arquivo MURAD SEZER/AP

A seleção nacional grega tinha-se qualificado para o Euro 2004 num ambiente de festa, uma vez que até ali, não era comum à Grécia chegadar à final de uma grande competição europeia. A sua última participação numa fase final de um Europeu tenha sido em 1980.

No verão de 2004 , o objetivo da Grécia era sair de Portugal com um golo marcado. Isto porque no Campeonato do Mundo de 1994, nos EUA, a Grécia tinha saído com três derrotas e um total de zero golos marcados e dez sofridos. Ninguém queria que isso se repetisse. Bastava um golo para a Grécia ser considerada um sucesso. Mas a história escreveu-se de forma muito diferente.

Noite de estreia e a primeira grande surpresa

A Grécia estava no grupo de Espanha, Rússia e de Portugal, país anfitrião. No dia de abertura (12 de junho de 2004), a seleção grega defrontou os anfitriões no primeiro jogo do torneio. Logo que o jogo começou, no primeiro lance, a Grécia alcançou o objetivo que tinha estabelecido antes do torneio: marcar!

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Fotografia de arquivo DUSAN VRANIC/AP

Giorgos Karagounis fez o 0-1 aos 7 minutos e provocou um pandemónio nas bancadas, que tinham sempre demasiados adeptos gregos. O choque para Portugal foi grande e tornou-se ainda maior quando a Grécia ganhou um penálti (após falta do então jovem Cristiano Ronaldo) aos 51 minutos, que Bashina marcou para fazer o 0-2!

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fotografia de arquivo DUSAN VRANIC/AP

O resultado final ficou fechado ao minuto 93, com um golo de Ronaldo que fez o 1-2. A primeira vitória da Grécia era um facto.

Segundo jogo contra a Espanha de Casillas e Raúl

A vitória no jogo de abertura levantou o ânimo da equipa, mas ainda assim ninguém pensava que a Grécia chegasse tão longe. Ninguém? Não exatamente. Rejagel e os seus jogadores estavam decididos a surpreender.

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Fotografia de arquivo DUSAN VRANIC/AP

E foi o que fizeram no segundo jogo contra Espanha. A seleção espanhola dominou a partida e dificultou muito a vida aos gregos. Espanha chegou à vantagem por intermédio de Morientes aos 28 minutos, mas a Grécia voltou a encontrar uma solução. Bola mágica de Chiarta aos 66', corrida de Haristea à frente de Carles Puyol e 1-1. Este foi o resultado final.

No entanto, os 4 pontos não eram suficientes naquele momento para se qualificar para a fase a eliminar.

Pesadelo contra a Rússia

Os gregos entraram no jogo contra a Rússia com a sensação de que facilmente conseguiriam, pelo menos, um empate, com os russos eliminados e com muitos problemas internos.

No entanto, a seleção russa entrou bem no jogo e, muito rapidamente (nos primeiros 17 minutos), já estavam a ganhar por 2-0. Pelas contas, a Grécia conseguiria a qualificação com uma derrota por um golo.

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Fotografia de arquivo DARKO VOJINOVIC/2004 AP

A Grécia marcou o golo aos 43 minutos, por intermédio de Zisis Vryzas, e o resultado foi suficiente para o apuramento para a fase a eliminar, para enfrentar a seleção francesa de de Zidane. Quase todos sabiam que o conto de fadas da Grécia iria logicamente terminar.

Charisteas tornou-se Henri e Zagorakis tornou-se Zidane

Nos quartos de final contra França, a Grécia jogou como sabia que iria jogar. Uma defesa muito forte, com reações rápidas e mudanças de jogo rápidas para procurar a sua oportunidade.

Os grandes jogadores franceses não encontravam caminhos fáceis para a baliza grega e, à medida que o tempo passava, a frustração era evidente.

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Fotografia de arquivo LIONEL CIRONNEAU/AP

Aos 65 minutos, houve uma jogada que fez lembrar... França. O capitão da Grécia, Thodoris Zagorakis, fez um drible espetacular sobre Lizarazou, fazendo lembrar, Zidane, e depois um cruzamento para Haristea e este, com uma execução habilidosa que fez lembrar Henri, deixou Barthez de pé e fez o 1-0 para a Grécia.

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Fotografia de arquivo FERNANDO LLANO/AP

Semifinal contra a República Checa e o golo de prata que se transformou em morte súbita

O ambiente na Grécia era de triunfo e agora todos começavam a acreditar que o título, que parecia louco e impossível, era algo tangível.

Os checos, objetivamente a melhor equipa do torneio, entraram muito fortes e colocaram a Grécia sob uma pressão sufocante. Os checos tiveram oportunidades atrás de oportunidades, mas não conseguiram fazer nenhum remate à baliza grega.

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Fotografia de arquivo MICHAEL SOHN/AP

A lesão de Pavel Nedved na primeira parte também teve o seu papel, mas a Chéquia voltou a atacar. A Grécia lutou com unhas e dentes para segurar o 0-0 e levou o jogo para o prolongamento.

Na altura, a UEFA tinha uma regra de golo de prata que dizia que se uma equipa marcasse na primeira parte do prolongamento e a equipa adversária não empatasse, o jogo terminava. Se o resultado estivesse empatado, a segunda parte do prolongamento era jogada normalmente.

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Fotografia de arquivo FRANK AUGSTEIN/Copyright 2004 AP. All rights reserved.

No prolongamento, aconteceu algo... metafísico. A Grécia, que tinha estado a jogar à defesa durante 90 minutos, saiu para a frente e começou a perder oportunidades, pressionando os checos. No último minuto da primeira parte do prolongamento, a seleção grega ganhou um pontapé de canto.

Ciartas cobrou e o defesa-central Trajan Della cabeceou para o primeiro poste (em frente ao imponente Jan Kohler) para fazer o 1-0 e colocar a Grécia em vantagem.

O tempo tinha-se esgotado e, no pontapé de saída, Colina deu o apito final. A Grécia estava na final e, como se fosse uma história saída de um filme, tinha pela frente a equipa que tinha vencido o jogo de abertura: Portugal.

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Fotografia de arquivo LUCA BRUNO/AP

O drama português e a epopeia grega

Na grande final, Portugal não acreditava que pudesse perder uma segunda vez com a Grécia, em casa.

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Fotografia de arquivo LUCA BRUNO/AP2004

E mesmo assim. Aconteceu. Num jogo que não reclama louros de qualidade, a Grécia parecia ter uma forma de repelir sem esforço os ataques portugueses. Os milhares de adeptos gregos nas bancadas sentiam que o golo estava para vir contra os anfitriões.

E em mais um canto, desta vez cobrado por Bashina, Haristeas estava lá para marcar e fazer o 1-0 para a Grécia, aos 57 minutos.

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Fotografia de arquivo DUSAN VRANIC/AP2004

Portugal tentou ripostar e, nos minutos finais, a pressão era insuportável. Mas a... metafísica continuava e, mesmo antes do final, os internacionais gregos conseguiram um precioso espaço para respirar quando o então famoso Jimmy Jump entrou em campo. O jogador dirigiu-se a Figo, atirou-lhe uma camisola do Barcelona (o craque português tinha assinado pelo Real Madrid) e depois saltou para a baliza grega.

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Fotografia de arquivo FRANK AUGSTEIN/AP2004

O jogo terminou e a festa grega começou nas bancadas e no relvado. A Grécia tinha feito história e os futebolistas internacionais estavam inscritos no panteão do desporto grego. Estava concluído um conto de fadas do futebol com um final feliz.

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Fotografia de arquivo THOMAS KIENZLE/2004 AP

A redenção para Portugal chegou uns anos mais tarde. Com a presença de Cristiano Ronaldo, os portugueses venceram o Euro 2016, derrotando França na final em casa. O ciclo de redenção de Portugal tinha-se completado.

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Fotografia de arquivo LUCA BRUNO/AP2004

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Fotografia de arquivo Martin Meissner/Copyright 2025 The AP. All rights reserved.
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