Newsletter Boletim informativo Events Eventos Podcasts Vídeos Africanews
Loader
Encontra-nos
Publicidade

Número de mortos em megaoperação contra gangue no Rio de Janeiro sobe para 121

Funcionários do Hospital Getúlio Vargas transportam uma pessoa ferida numa maca depois de ela ter sido levada numa viatura policial ao hospital durante uma operação policial
Funcionários do Hospital Getúlio Vargas transportam uma pessoa ferida numa maca depois de ela ter sido levada numa viatura policial ao hospital durante uma operação policial Direitos de autor  Silvia Izquierdo/Copyright 2025 The AP. All rights reserved
Direitos de autor Silvia Izquierdo/Copyright 2025 The AP. All rights reserved
De Manuel Ribeiro  & AP
Publicado a Últimas notícias
Partilhar Comentários
Partilhar Close Button
Copiar/colar o link embed do vídeo: Copy to clipboard Link copiado!

O governo do Rio de Janeiro atualizou o número de mortes em megaoperação policial para 121. Entre os mortos, estão quatro agentes da Polícia e 117 suspeitos. Já a Defensoria Pública do Rio de Janeiro fala em mais 130 mortes provocadas pela operação de larga escala contra o tráfico de droga.

Considerada a maior ação policial da história do país, as autoridades informaram ter levado a cabo uma megaoperação com agentes de várias forças policiais, em helicópteros, com forças especiais em veículos blindados (BOPE), que teve como alvo o Comando Vermelho nas favelas do Complexo do Alemão e da Penha.

No último balanço das autoridades, realizado na tarde de quarta, os tiroteios no local fizeram 121 mortos, entre eles quatro agentes da política e 117 suspeitos de narcotráfico.

Segundo explica a imprensa brasileira, moradores do Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, afirmaram ter encontrado pelo menos 74 corpos. Já o delegado da Polícia Civil, Felipe Curi, disse esta tarde que foram encontrados 63 corpos naquele local.

De acordo com o último balanço da polícia, um total de 113 pessoas foram detidas e toneladas de droga foram apreendidas.

Já a Defensoria Pública do Rio de Janeiro fala em 132 mortes, 128 civis e quatro da polícia.

Imagens nas redes sociais mostraram fogo e fumo a subir das duas favelas enquanto se ouviam tiros. O Departamento de Educação da cidade informou que 46 escolas, nos dois bairros, foram fechadas. Ao passo que a Universidade Federal do Rio de Janeiro, nas proximidades, cancelou as aulas noturnas e informou as pessoas que estavam no campus que deviam procurar abrigo.

Claudio Castro, governador do estado do Rio, disse que a operação foi a maior da história da cidade e que o governo federal deveria fornecer mais apoio para combater o crime.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SESP) e o governo do Rio de Janeiro, o objetivo principal era combater a expansão territorial do Comando Vermelho (CV) e cumprir 100 mandados de prisão contra integrantes e lideranças criminosas daquela organização criminosa.

A ação coordenada na terça-feira foi resultado de um ano de investigação sobre o grupo criminoso, informou a polícia. As autoridades deixaram ainda um aviso, na rede social X, aos responsáveis pela morte dos agentes no contexto desta intervenção: "Os ataques cobardes dos criminosos contra os nossos agentes não ficarão impunes".

A operação foi uma das mais violentas da história recente do Brasil, com as organizações de direitos humanos a pedirem investigações sobre as mortes.

Qual foi o motivo da operação?

Criado nas prisões do Rio de Janeiro, o grupo criminoso Comando Vermelho expandiu o seu controlo sobre as favelas nos últimos anos.

O gangue é acusado de tráfico de drogas pesadas, e a polícia do Rio informou que dezenas de armas, e mais de 200 kg de cocaína, foram encontrados durante a operação.

Embora a operação policial de terça-feira tenha sido semelhante às anteriores, a sua escala foi sem precedentes, disse Luis Flavio Sapori, sociólogo e especialista em segurança pública da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

"O que é diferente na operação de hoje é a magnitude [do número] de vítimas. São números de guerra", destacou.

Segundo Sapori, este tipo de operações é ineficaz porque não costuma resultar na detenção dos líderes, mas sim dos subordinados, que podem ser substituídos posteriormente.

De acordo com a imprensa local, alguns supostos membros de gangues bloquearam estradas no norte e no sudeste do Rio em resposta à operação.

Pelo menos 70 autocarros foram utilizados nos bloqueios, causando danos significativos na operação rodoviária, informou a empresa de autocarros da cidade, a Rio Onibus.

Grupos de direitos humanos condenam a violência

Entretanto, o organismo de defesa dos direitos humanos das Nações Unidas declarou-se "horrorizado" com a operação policial mortal, apelou a investigações eficazes e recordou às autoridades as suas obrigações ao abrigo do direito internacional em matéria de direitos humanos.

César Muñoz, diretor da Human Rights Watch no Brasil, apelidou os acontecimentos de terça-feira de "uma enorme tragédia" e um "desastre".

"O Ministério Público deve iniciar as suas próprias investigações e esclarecer as circunstâncias de cada morte", disse Muñoz, em comunicado.

O Rio de Janeiro tem sido palco de ataques policiais letais há décadas. Em março de 2005, cerca de 29 pessoas foram mortas na Baixada Fluminense, enquanto, em maio de 2021, 28 foram mortas na favela do Jacarezinho.

Ir para os atalhos de acessibilidade
Partilhar Comentários

Notícias relacionadas

Famílias revoltadas começam a enterrar mortos após invasão policial em favela do Rio de Janeiro

Dança criada por jovens nas favelas do Rio é declarada património cultural

Rocinha entre Lula e Bolsonaro a três dias das eleições no Brasil