Newsletter Boletim informativo Events Eventos Podcasts Vídeos Africanews
Loader
Encontra-nos
Publicidade

Moradores do Rio de Janeiro aprovam megaoperação: milhões vivem controlados pelo crime organizado

Pelo menos 19% da população brasileira vive em áreas com milícias e fações criminosas
Pelo menos 19% da população brasileira vive em áreas com milícias e fações criminosas Direitos de autor  Silvia Izquierdo/Copyright 2025 The AP. All rights reserved
Direitos de autor Silvia Izquierdo/Copyright 2025 The AP. All rights reserved
De Joana Mourão Carvalho
Publicado a
Partilhe esta notícia Comentários
Partilhe esta notícia Close Button

Pelo menos 87% dos moradores em favelas disseram apoiar a megaoperação que fez mais de uma centena de mortos. Aprovação desce para metade junto do resto da população do Rio de Janeiro, apesar da maioria continuar a ser a favor.

A avaliação dos moradores do Rio do Janeiro sobre a megaoperação que fez mais de uma centena de mortos é positiva.

Segundo uma sondagem do instituto Datafolha, 57% dos moradores da cidade e da região metropolitana avaliaram como um "sucesso" a megaoperação contra o Comando Vermelho, realizada nos complexos da Penha e do Alemão.

O instituto questionou 626 moradores da região. Entre os entrevistados, 48% afirmaram que a operação "foi muito bem executada", 21% disseram que foi "regular", identificando falhas, e 24% consideraram que foi "mal executada". Outros 7% disseram não saber avaliar.

Quando questionados sobre quem eram os mortos, 50% disseram acreditar que a maioria era composta por criminosos, 31% afirmaram que todos eram bandidos, 4% disseram acreditar que os criminosos eram minoria, e 1% considerou que nenhum deles estava envolvido em atividades ilegais. Outros 13% não souberam responder.

Num outro estudo de opinião realizado pela AtlasIntel, 87,6% dos moradores em favelas do Rio de Janeiro disseram apoiar a megaoperação que decorreu na cidade brasileira. Só 12,1% dos entrevistados responderam com desaprovação.

A aprovação desce bastante junto do resto da população do Rio de Janeiro, apesar da maioria continuar a ser a favor. 55% dos cidadãos cariocas aprovam a intervenção da polícia, enquanto 40,5% são contra a ação das autoridades; 4,5% não responderam.

A nível nacional, mais de 80% de moradores de favelas de outras cidades também aprovam a ação. Quanto à população geral que não mora em favelas, a aprovação cai para 51,8%.

A megaoperação policial, que mobilizou 2.500 agentes, tinha como objetivo combater o Comando Vermelho, uma das maiores fações do narcotráfico no Brasil.

A operação tornou-se a mais letal da história do estado, resultando em 121 mortos — 117 civis e quatro agentes da polícia, segundo o governo do Rio de Janeiro.

Os dados da polícia são inferiores aos apresentados pela Defensoria Pública do Rio de Janeiro, que referiu que 132 pessoas foram mortas, depois de moradores dos bairros afetados terem estado à procura de familiares desaparecidos e começado a reunir e expor dezenas de corpos numa praça.

O caso gerou forte contestação no Brasil e levou a ONU e várias organizações de defesa dos direitos humanos a pedirem investigações independentes.

Um quinto dos brasileiros acima dos 16 anos vive em áreas de influência do crime organizado

Fações criminosas e milícias, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) ou o Comando Vermelho, estão cada vez mais presentes no território brasileiro e já fazem parte do convívio de no mínimo 28,5 milhões de pessoas.

Comprar comida a fornecedores indicados por um gangue, pagar renda de casa, água e luz a cabecilhas, conseguir internet apenas em esquemas ilegais – tudo sob pena de morrer ou ser torturado por uma organização criminosa - é esta a realidade em que vive 19% da população do país.

Os dados são de um inquérito realizado pelo Datafolha e encomendado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Interna, que ouviu em junho mais de dois mil cidadãos com 16 ou mais anos de todas as regiões do Brasil, num estudo com uma margem de erro a rondar os 2%.

A investigação aponta que a população negra se diz mais afetada do que os cidadãos brancos (23% contra 13%), mas não adianta em que regiões estas organizações criminosas têm um maior domínio.

Quem relata sofrer com o crime organizado, também afirma conviver com a presença de cemitérios clandestinos: 8% dos inquiridos pelo estudo admite que tem ou já teve familiares ou conhecidos desaparecidos. É nestes locais que muitos destes corpos são escondidos.

Além destas valas comuns, há outros locais de que estas populações têm conhecimento, mas onde preferem não entrar. As chamadas "cracolândias" são mercados a céu aberto, de venda e consumo de droga – 27% da população, cerca de 45 milhões, diz contornar um destes sítios no seu trajeto diário para a escola ou trabalho.

Em relação à violência em si, 16% dos entrevistados afirmaram já ter presenciado abordagens truculentas da Polícia Militar.

Ir para os atalhos de acessibilidade
Partilhe esta notícia Comentários