A polícia brasileira começou a desmantelar as barricadas dos grupos de traficantes de droga no Rio de Janeiro. Estas barricadas foram erguidas nas favelas para impedir as incursões da polícia.
A polícia brasileira lançou na segunda-feira uma operação para remover barricadas montadas por grupos de traficantes de droga para impedir o acesso da polícia às favelas do Rio de Janeiro.
O governo do Rio de Janeiro informou que a operação, denominada "Barricada Zero", será realizada diariamente até o final do mandato do atual governador do estado, o bolsonarista Cláudio Castro.
O governo informou que 200 toneladas de obstáculos foram removidas nas ações iniciais, em cinco comunidades, somente no primeiro dia.
A operação ocorre menos de um mês depois de uma grande operação policial que teve como alvo a rede criminosa Comando Vermelho, em duas favelas da cidade, os complexos da Penha e do Alemão. Pelo menos 121 pessoas morreram na operação, incluindo quatro polícias, o que fez deste o episódio do género mais sangrento da história do Brasil. Ao todo, as operações policiais mais recentes fizeram 132 mortos.
Pessoas inocentes envolvidas
As organizações de defesa dos direitos humanos apelam a uma investigação das mortes e condenam a violência associada às operações policiais. As organizações de defesa dos direitos humanos da ONU já tinham afirmado estar "chocadas" com o resultado da operação de outubro e apelaram a uma investigação eficaz, classificando o episódio de 28 de outubro como "chacina".
César Muñoz, diretor da Human Rights Watch no Brasil, descreveu os acontecimentos como uma "enorme tragédia". O Ministério Público deve iniciar uma investigação e esclarecer as circunstâncias de cada morte.
As brutais incursões contra o tráfico de drogas são preocupantes do ponto de vista dos direitos humanos porque as quadrilhas de traficantes dominam as comunidades carentes das favelas do Rio, que também foram submetidas à violência policial durante as operações.
Domínio das quadrilhas nas favelas
A fação criminosa Comando Vermelho, que nasceu nos presídios do Rio, expandiu o seu controle nas favelas nos últimos anos. Desde a década de 1970, a quadrilha atua no tráfico de drogas pesadas. A rede da organização estende-se para além das favelas do estabeleceu-se em outros estados brasileiros. A quadrilha ganhou tanta influência em algumas favelas que implementou um "governo paralelo" nelas, à semelhança da congénere Primeiro Comando da Capital (PCC).
Embora o Comando Vermelho tenha a infraestrutura mais extensa, gangues como os Amigos dos Amigos e o Terceiro Comando também dominam várias favelas. As operações são semelhantes, pois ambas surgiram do Comando Vermelhobo, à custa de várias lutas internas no início do milénio.
O Rio de Janeiro tem sido palco de incursões policiais mortais há décadas: em março de 2005, uma operação policial conhecida como o massacre da Baixada na favela de Vigário Geral matou pelo menos 29 pessoas, em maio de 2021, outra onda de incursões na favela do Jacarezinho matou 28, enquanto uma incursão em maio de 2022 na favela da Vila Cruzeiro causou 21 mortes.