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Sudão: civis em fuga de El-Fasher acusam rebeldes de cometerem atrocidades

Mulheres e crianças deslocadas de El-Fasher num campo em Tawila, no Sudão, em 3 de novembro de 2025.
Mulheres e crianças deslocadas de El-Fasher num campo em Tawila, no Sudão, em 3 de novembro de 2025. Direitos de autor  AP/AP
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De Euronews
Publicado a Últimas notícias
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Cidade de El-Fasher na província do Darfur, no oeste do Sudão, foi tomada pelos rebeldes das Forças de Apoio Rápido há pouco mais de uma semana. Desde então, acumulam-se os relatos de execuções sumárias, assassinatos em massa, violações, saques, sequestros e deslocações forçadas.

O grupo paramilitar do Sudão, Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla original), tomou a cidade de El-Fasher na região do Darfur, oeste do Sudão, no fim de semana de 25 e 26 de outubro, após um cerco que durou 18 meses. Segundo Seif Magango, porta-voz do gabinete de direitos humanos das Nações Unidas (ONU), há "relatos horrendos de execuções sumárias, assassinatos em massa, violações, ataques contra trabalhadores humanitários, saques, sequestros e deslocações forçadas".

Os ataques das RSF apanharam dezenas de milhares de pessoas, e muitas famílias foram destruídas ou separadas.

"As ruas estavam cheias de pessoas mortas. Conseguimos chegar a uma das barreiras de areia montadas pela RSF. Eles estavam a disparar contra pessoas, homens, mulheres e crianças, com metralhadoras. Ouvi um deles dizer: 'Matem todos, não deixem ninguém vivo'", relatou à Al Jazeera Adam Yahya, que fugiu com quatro dos seus filhos e cuja esposa foi morta numa incursão com drones das RSF pouco antes da queda de El-Fasher.

Magango afirmou que à ONU chegaram inúmeros testemunhos de residentes que fugiram aterrorizados quando a cidade caiu e depois "sobreviveram à perigosa viagem até Tawila", localidade situada a cerca de 70 quilómetros de El-Fasher, num percurso que leva de três a quatro dias a pé. Até agora, mais de 70 mil civis já abandonaram El-Fasher.

Um dos episódios mais chocantes da investida final dos rebeldes foi o assassinato de pessoas doentes e feridas dentro do Hospital Maternidade Saudita e em edifícios nos bairros de Dara Jawila e Al-Matar, que estavam a ser usados como centros médicos temporários. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 460 pacientes e pessoas que os acompanhavam foram mortos durante o ataque.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos avança que foi também documentado o assassinato de trabalhadores humanitários e voluntários locais que apoiavam comunidades vulneráveis em El Fasher.

Pelo menos dois socorristas humanitários foram mortos na cidade a 27 de outubro, informa este órgão da ONU, que, até 29 de outubro, registou pelo menos quatro incidentes em que pessoal humanitário e voluntários locais foram agredidos. Três médicos estão detidos pelas RSF em El Fasher, confirma o Alto Comissariado.

Pelo menos 2 mil mortos desde tomada de El-Fasher

De acordo com o governo do Sudão, pelo menos 2 mil pessoas foram mortas desde a tomada de El Fasher, último reduto da resistência do exército sudanês no Darfur, mas as testemunhas dizem que os números podem ser bem maiores.

A guerra civil no Sudão, que começou em abril de 2023, já provocou pelo menos 40 mil mortos, 12 milhões de deslocados e uma uma situação de fome generalizada, com a disseminação de várias doenças, entre as quais a cólera. É a "maior crise humanitária do mundo" na avaliação da ONU.

Entretanto, o Tribunal Penal Internacional fez saber que está a recolher provas das atrocidades denunciadas. O destino de quase 200 mil pessoas que se acredita estarem presas em El-Fasher permanece desconhecido.

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