Desde o regresso de Donald Trump à Casa Branca e o seu encontro com Putin até à morte do Papa Francisco, ao rearmamento europeu e ao apagão do 28 de abril. A Euronews faz uma retrospetiva das 10 notícias que marcaram o ano.
2025 está a chegar ao fim e é altura de olhar para trás. Na Euronews reunimos as notícias mais relevantes dos últimos 12 meses, com uma cobertura contínua dos acontecimentos que marcaram a atualidade internacional: a morte do Papa, o cessar-fogo em Gaza e o grande apagão, entre outros. Estas foram as 10 notícias mais marcantes de 2025.
1. Trump toma posse como presidente pela segunda vez
A 20 de janeiro de 2025, Donald Trump fez história ao tornar-se no primeiro presidente dos Estados Unidos condenado, ao assumir o cargo pela segunda vez depois de derrotar Kamala Harris nas eleições presidenciais de novembro de 2024.
O republicano chegou ao poder com uma série de promessas que não tardou a cumprir. No dia da sua tomada de posse, Trump assinou uma longa lista de ordens executivas para implementar as suas políticas. Entre as mais controversas, conta-se a declaração de uma emergência nacional na fronteira sul devido à travessia de migrantes ao longo da fronteira entre os EUA e o México.
Também pôs fim aos programas de diversidade, equidade e inclusão em todo o governo federal e criou o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), que, até ao seu encerramento em novembro, era dirigido pelo empresário Elon Musk.
2. Começa a guerra dos direitos aduaneiros
A chegada de Donald Trump à Casa Branca, em janeiro, desencadeou rapidamente uma nova guerra tarifária que moldou a economia mundial em 2025. Poucas semanas depois de tomar posse, o presidente anunciou uma longa lista de impostos sobre produtos europeus, incluindo aço, automóveis e produtos agrícolas, justificando-os como medidas para "proteger os trabalhadores americanos".
A resposta da UE foi rápida, com um pacote recíproco de direitos aduaneiros dirigidos a setores estratégicos dos EUA. O conflito comercial afetou as relações transatlânticas e semeou a incerteza nos mercados internacionais.
A volatilidade afetou setores-chave como a indústria automóvel, que sofreu perturbações nas suas cadeias de abastecimento. As conversações para travar a escalada comercial arrastaram-se durante meses sem grandes progressos, tendo o Fundo Monetário Internacional alertado para o risco de um abrandamento da economia mundial se o conflito pautal persistisse.
3. Rearmar a Europa
Em março de 2025, a Comissão Europeia apresentou o seu plano Rearmar a Europa, que visava redobrar os esforços para apoiar a Ucrânia a curto prazo e assegurar a sua autonomia estratégica para se defender a longo prazo.
O plano tem como objetivo mobilizar cerca de 800 mil milhões de euros nos próximos quatro anos, a maior parte dos quais virá do aumento das despesas dos Estados-membros com a defesa e a segurança nacionais.
Mas após queixas de países como Espanha e Itália, o nome oficial do plano foi alterado para Readiness 2030, referindo-se à data em que a Rússia poderia ter capacidade para lançar um ataque contra um Estado-membro da UE ou da NATO.
4. A morte do Papa Francisco e a eleição do Papa Leão XIV
A 21 de abril, o Papa Francisco morreu aos 88 anos de idade, depois de ter passado mais de um mês no hospital devido a uma complicação respiratória.
Francisco, o primeiro jesuíta e latino-americano a liderar a Igreja Católica, tinha sofrido dois episódios de insuficiência respiratória aguda nos dois meses anteriores à sua morte, causados por uma acumulação de muco endobrônquico.
Durante o seu papado, o Papa levou a cabo importantes reformas para aumentar a transparência e a responsabilidade no Vaticano. Além disso, chamou constantemente a atenção para a situação dos migrantes e dos refugiados. Eis seis acontecimentos marcantes do seu papado.
O funeral do Papa Francisco, realizado a 26 de abril na Praça de São Pedro, reuniu milhares de fiéis e uma vasta representação de líderes internacionais. Estiveram presentes chefes de Estado, primeiros-ministros e delegações de mais de uma centena de países, bem como os patriarcas e representantes das principais igrejas cristãs.
Estiveram também presentes figuras do mundo diplomático e de organizações internacionais, bem como cardeais de todos os continentes, muitos dos quais participaram na sua eleição em 2013. A presença maciça refletiu o impacto global do pontificado de Francisco, especialmente a sua defesa dos mais vulneráveis e a sua prossecução do diálogo inter-religioso.
No dia 8 de maio, apenas 24 horas após o início do conclave, a Igreja Católica encontrou o seu novo líder. Pela primeira vez na história, um cardeal de origem americana foi eleito Papa. Robert Francis Prevost Martinez, que tem raízes espanholas do lado materno, foi eleito após apenas quatro escrutínios e obteve pelo menos dois terços dos votos dos 133 cardeais eleitores.
Desde a sua eleição em maio, o Papa Leão XIV centrou os primeiros meses do seu pontificado na reaproximação da Igreja a um mundo marcado pela polarização e pela desigualdade. Uma das suas prioridades tem sido reforçar a diplomacia do Vaticano, encorajando encontros com líderes de diferentes fés para reavivar o diálogo inter-religioso, especialmente no Médio Oriente.
O Papa Leão XIV também colocou a tónica na transparência institucional, prosseguindo as reformas financeiras iniciadas por Francisco e ordenando uma revisão interna dos organismos económicos da Santa Sé.
No domínio pastoral, Leão XIV insistiu na necessidade de colocar os jovens, os imigrantese os mais vulneráveisno centro da missão da Igreja, lançando mensagens a favor do acolhimento e da cooperação internacional num contexto mundial cada vez mais incerto.
5. O grande apagão de 28 de abril
O dia 28 de abril amanheceu como qualquer outro dia até que, numa questão de segundos, Portugal, uma grande parte de Espanha e partes do sul de França mergulharam num apagão.
O corte maciço de energia afetou milhares de pessoas e provocou a queda de aeroportos, a paragem de comboios e a ativação de protocolos de emergência nos hospitais.
A dimensão do incidente reacendeu o debate sobre a vulnerabilidade do sistema energético ibérico e a necessidade de reforçar as infraestruturas críticas face a um cenário global cada vez mais volátil.
De acordo com o grupo de peritos que investigou o incidente, o apagão resultou de uma sucessão de falhas súbitas na produção de energia renovável e da consequente perda de sincronização com a rede continental europeia.
6. A guerra de 12 dias entre o Irão e Israel
Em junho de 2025, as tensões aumentaram drasticamente no Médio Oriente quando Israel lançou ataques aéreos surpresa contra instalações militares e nucleares iranianas. A ofensiva desencadeou uma resposta direta do Irão com mísseis e drones contra o território israelita.
No meio da escalada, os EUA intervieram atacando alvos iranianos, o que agravou ainda mais o conflito. Após cerca de duas semanas de trocas de tiros prolongadas e de elevados custos humanos e materiais, os dois países acordaram um cessar-fogo sob pressão internacional. Embora as hostilidades tenham cessado, a guerra deixou um clima de grande incerteza e marcou um ponto de viragem na rivalidade entre as duas potências.
7. Putin desloca-se ao Alasca para se encontrar com Trump
Um dos momentos mais marcantes do ano foi, sem dúvida, a cimeira do Alasca, onde os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia estiveram frente a frente. Pela primeira vez numa década, Vladimir Putin pisou solo americano para um encontro há muito aguardado com Donald Trump.
Os dois líderes reuniram-se na Base Militar Conjunta Elmendorf-Richardson, em Anchorage, no Alasca, com o objetivo declarado de discutir um acordo para pôr fim à guerra de Moscovo contra Kiev. Apesar das expetativas, não houve qualquer menção a um cessar-fogo após as conversações. Aparentemente, a cimeira foi apenas uma primeira ronda de conversações entre os dois líderes, com a promessa de um segundo encontro que, até agora, não se concretizou.
8. O cessar-fogo em Gaza e o boicote israelita
Após dois anos de conflito, 2025 foi marcado por um acontecimento histórico: a assinatura de um cessar-fogo entre Israel e o Hamas. A trégua, mediada pelo Egito, pelos EUA e pelo Qatar, pôs fim, pelo menos temporariamente, à violência que causou milhares de mortos e uma crise humanitária sem precedentes em Gaza.
O acordo incluiu um afluxo maciço de ajuda humanitária à Faixa de Gaza e um compromisso preliminar de avançar para uma solução política mais estável. No entanto, os ataques a Gaza não cessaram completamente, apesar do acordo de paz.
O acordo de cessar-fogo não foi isento de tensões. Setores do governo israelita criticaram as concessões, enquanto as fações armadas de Gaza se mostraram relutantes em cumpri-lo na íntegra. Ainda assim, a comunidade internacional saudou o acordo como um passo essencial para evitar um grande colapso humanitário.
Ao longo de 2025, a Europa também assistiu a uma onda de protestos e boicotes contra instituições, empresas e eventos ligados, diretamente ou não, a Israel. Este movimento, alimentado pela guerra e pelas denúncias das organizações internacionais sobre a situação humanitária em Gaza, tornou-se um dos fenómenos sociopolíticos mais intensos do ano.
As manifestações em massa chegaram mesmo a paralisar competições desportivas, como as etapas da La Vuelta, onde grupos organizados bloquearam o percurso em sinal de protesto.
O boicote também atingiu a esfera cultural e económica. As empresas com laços comerciais com Israel enfrentaram campanhas de pressão e retirada de investimentos por parte de organismos públicos e privados, enquanto vários países, incluindo Espanha, anunciaram que não participariam na Eurovisão se Israel fosse autorizado a competir.
Ao mesmo tempo, as comunidades judaicas europeias registaram um aumento preocupante dos incidentes antissemitas, especialmente em França, na Alemanha e no Reino Unido. Os governos europeus condenaram estes ataques e alertaram para o facto de as críticas políticas não deverem conduzir ao racismo e à violência contra os cidadãos judeus.
9. Ataques com drones a aeroportos e bases militares europeias
O outono de 2025 foi marcado por uma série de incidentes graves de avistamentos não autorizados de drones no espaço aéreo de vários aeroportos europeus, obrigando as autoridades a suspender as operações de voo e provocando um caos considerável.
Grandes aeroportos, como o de Munique (Alemanha), sofreram encerramentos temporários no início de outubro, o que provocou o cancelamento e o desvio de numerosos voos, afetando milhares de passageiros. Outro caso notável foi o encerramento temporário do aeroporto de Eindhoven (Países Baixos) no final de novembro.
Estes incidentes, que se juntaram a uma onda crescente de perturbações causadas por drones no continente (com um aumento significativo entre 2024 e 2025, de acordo com análises citadas naEuronews), colocaram os países europeus em alerta.
Os avistamentos recorrentes de drones não autorizados a sobrevoar bases militares e outras infraestruturas críticas levaram a União Europeia a atribuir estes atos de incursão à Rússia. A UE apontou um "padrão claro" de violação intencional do espaço aéreo europeu, concebido para testar as capacidades de resposta nas fronteiras e minar a segurança no continente. Este contexto de intrusões foi descrito como parte de uma guerra híbrida que procura semear a desestabilização e o medo entre os membros da NATO.
10. Ataques dos EUA nas Caraíbas venezuelanas
O ano foi também marcado por uma nova e grave deterioração das relações entre os EUA e a Venezuela, que atingiu o seu ponto mais tenso nos últimos meses de 2025.
Washington intensificou a sua pressão sobre o regime de Nicolás Maduro com uma série de medidas que incluíram a apreensão de petroleiros venezuelanos e ataques direcionados a barcos de narcotráfico, como parte do que os EUA descreveram como uma resposta às violações do direito internacional e à falta de progresso democrático no país sul-americano.
As autoridades venezuelanas denunciaram estas ações como uma agressão direta e uma forma de punição coletiva, enquanto o governo dos EUA defendeu as medidas como parte da sua estratégia para isolar o governo de Maduro e pressionar por uma transição política.
Paralelamente à escalada diplomática e militar, a oposição venezuelana voltou a ocupar as manchetes internacionais. A líder da oposição, María Corina Machado, protagonizou um dos episódios mais simbólicos do ano ao deixar o país por mar e viajar até Oslo para receber o Prémio Nobel da Paz, um gesto que foi interpretado pelos seus seguidores como um desafio ao regime e um alerta à comunidade internacional.
2025 está a chegar ao fim como um período marcado pela instabilidade, mudanças de poder e crises que se sobrepõem. Dez notícias que, de diferentes partes do mundo, nos ajudam a compreender um mundo cada vez mais fragmentado, mas também interligado.