Os encantos do Oriente continuam a fascinar os ocidentais.
Para Olivier Mathieu, a China não é o eldorado, mas é uma terra onde há muito para aprender.
O jovem belga estudou um ano em Pequim. Está só à espera de terminar o mestrado em Bruxelas, para regressar ao país que tão bem o acolheu: “Na China sinto-me em casa. Os chineses são simpáticos e naturais. Sentimo-nos à vontade com eles”.
Em sentido contrário, Jia’ai Hou e Simon Xiangyu embarcaram em programas internacionais de Mestrado na Universidade belga de Lovaina.
“Pessoas de diferentes países têm estratégias de pensamento diferentes e podemos aprender bastante com essa diversidade”, diz Jia’ai Hou.
Simon Xiangyu acrescenta: “Quero regressar à China e encontrar um bom trabalho em Pequim ou em Hong Kong.”
A Universidade Católica de Lovaina coopera com a China há mais de três décadas. Este ano, a instituição acolhe cerca de quinhentos estudantes e investigadores chineses.
Jia’ai faz investigação na área da biodegradação de pesticidas. Trabalha a partir de uma amostra de água contaminada do deserto do Negueve, em Israel.
A estudante de mestrado elogia a capacidade de comunicação dos cientistas europeus. Em geral, o ambiente é mais descontraído do que na China:
“A China está a crescer muito depressa. Somos obrigados a acompanhar esse ritmo, estou sempre a correr. Aqui as pessoas aproveitam mais a vida”, acrescenta a estudante de 22 anos.
Quem não tem falta de ritmo é o Simon. Está atualmente a fazer três Mestrados: um em Gestão, na Universidade de Pequim, outro em Finanças, em Hong Kong. Termina em breve o mestrado de Economia, em Lovaina: “Não se pode estudar economia num ambiente fechado. Sempre quis estar mais exposto ao ambiente internacional e gosto da vida aqui.”
Os três alunos recebem uma bolsa Erasmus Mundus. Um programa criado pela Comissão Europeia para reforçar a cooperação entre os 27 e a China nas áreas da educação e da cultura.
Enquanto os estudantes chineses competem para conseguir uma bolsa e estudar na Europa, os europeus ainda não se renderam as universidades chinesas.
“Os engenheiros que conheço querem estudar nos Estados Unidos ou na Europa. O resto não conta. É uma pena porque a indústria caminha ao lado da universidade. É assim que as coisas funcionam na China. A indústria está em contacto com universidades”, diz Olivier Mathieu.
Olivier estudou um ano na Universidade de Tsinghua, a melhor universidade chinesa para a área da Engenharia. Há sempre muitos candidatos para poucas vagas. Os europeus estão dispensados de exames de acesso, são convidados.
Em setembro, Olivier regressa à China para estudar mandarim: “A China é muito diferente da Europa. As pessoas não imaginam o que se passa por lá. Fala-se do crescimento económico e diz-se que os chineses copiam os outros. É como se não houvesse outros atrativos. Mas o país é um laboratório. Estão a descobrir-se a si próprios. Se há uma coisa que vale a pena ver, nos nossos dias, é o despertar da China.”
A aprendizagem não é a única vantagem do programa. Um dos objetivos do Erasmus Mundus é promover a interação cultural entre pessoas de origens diversas.
“Antes de vir para aqui, era o tipo de pessoa que não gostava muito de festas. Sou capaz de ficar bastante tempo por casa. Mas depois de chegar, fiz muitos amigos que gostam de ir a festas. É uma maneira divertida e interessante de conhecer novas pessoas”, confessa Simon Xiangyu.
Até agora, o programa de intercâmbio europeu seduziu quase 4 mil chineses e algumas centenas de europeus.