O Festival Internacional de Cinema e Fórum sobre Direitos Humanos recompensa filmes fortes e corajosos que destacam homens e mulheres cujos direitos humanos são violados em todo o mundo
O Festival Internacional de Cinema e Fórum sobre Direitos Humanos (FIFDH), em Genebra, premiou várias obras que denunciam a violação dos direitos humanos em todo o mundo.
A edição 2022 do Festival Internacional de Cinema e Fórum sobre Direitos Humanos reuniu artistas, ativistas, jornalistas e o público durante dez dias, em Genebra.
A luta de uma mulher contra o patriarcado
O Grande Prémio de Ficção foi atribuído a dois filmes, "Freda" da realizadora Gessica Généus, do Haiti, e "Vera Dreams of the Sea" de Kaltrina Krasniqi, do Kosovo. O filme da realizadora kosovar conta a história de uma viúva obrigada a enfrentar o patriarcado para reclamar a herança, para si, para a sua filha e para a sua neta.
"Quando fazemos um filme, pensamos no público, obviamente, e depois pensamos nas pessoas de uma certa geração que se interessam pelo tema em questão. O prémio da Juventude significa muito para mim, porque significa que outras gerações mais jovens se identificam com a história da geração dela”, disse à euronews Kaltrina Krasniqi.
Os pobres de Nova Deli face à poluição
O público jovem premiou ainda um documentário exibido em Cannes. ”Demónios Invisíveis” de Rahul Jain mostra a forma como Nova Deli e os habitantes mais pobres da cidade indiana estão a morrer devido à poluição e aos efeitos das alterações climáticas.
"Demónios Invisíveis para mim é como uma sensação de estar no topo de uma lagarta gigante chamada civilização capitalista. É uma montanha-russa que não pára. O filme nasce do medo de estarmos numa posição em que sentimos que não há outra forma de continuar a viver senão assim. É algo interminável, e implacável", sublinhou o realizador Rahul Jain.
Tortura Branca e a repressão no Irão
"Tortura Branca" venceu o prémio da categoria Grandes Reportagens. A obra foi realizada por uma advogada e ativista dos direitos humanos atualmente detida no Irão. Narges Mohammadi denuncia formas de tortura que conduzem a sequelas psicológicas muitas vezes irreparáveis.
"Na minha opinião, este filme representa a repressão do Estado contra os prisioneiros de consciência e os prisioneiros políticos no Irão. Mas ao mesmo tempo representa a resistência, porque a repressão continua, mas a resistência do povo também continua", declarou Shirin Ebadi, ativista e Prémio Nobel da Paz 2003, embaixadora do filme de Narges Mohammadi.
Após duas edições digitais, o evento voltou ao formato original com público.