O cineasta russo Kirill Serebrennikov, condenado pelo regime de Vladimir Putin e proibido, durante muito tempo, de sair da Rússia, vive desde março em Berlim, e tem trabalhado por toda a Europa.
No verão, estará no Festival de Teatro de Avinhão, em França, e já em maio estará no Festival de Cannes, onde o seu último filme, "A Mulher de Tchaikovsky", concorre à Palma de Ouro.
Para o dissidente, o povo russo tanto é vítima como ator da propaganda do regime de Putin.
"Eles são realmente pacíficos, não querem começar nenhuma guerra e ao mesmo tempo muitos deles, como li e como vejo, estão a apoiar esta terrível divisão e esta terrível matança que por vezes se parece com suicídio. Está a surgir hoje e receio que seja o resultado de muitos anos de propaganda terrível", afirma.
Em prisão domiciliária e acusado de fraude, o realizador não pôde assistir, em 2017, à exibição do seu filme "Verão", no Festival de Cannes ou, no ano passado, à exibição de "A Febre de Petrov", uma alegoria alucinatória da sociedade da Rússia pós-soviética.
Autorizado, depois, a exilar-se, e conhecido internacionalmente, Serebrennikov sabe que nem todos os russos têm essa sorte:
"Algumas pessoas, que provavelmente querem ir trabalhar para outro lugar, têm famílias, não têm dinheiro, não têm visto, não têm papéis... É uma espécie de privilégio ter a oportunidade de partir".
Nos últimos cinco anos, os seus filmes têm estreado em festivais e nas salas de cinema sem ele. Este ano, Kirill Serebrennikov estará no Festival de Cannes para a exibição da sua última película "A Mulher de Tchaikovsky".